O Sindicato dos Policiais Federais na Bahia (Sindipol-BA) deu entrada nesta terça-feira (22) com um ofício no Ministério Público Federal pedindo o afastamento imediato do superintendente regional da PF no Estado, delegado César Nunes, e de dois outros delegados da PF que estariam sendo investigados pela própria PF na Operação Navalha, João Batista Paiva Santana e Rubem Patury. Além disso, o sindicato sugere, no ofício, que o governador Jaques Wagner (PT) afaste o secretário da Segurança Pública do Estado, Paulo Bezerra – que era o superintendente da PF na Bahia até o ano passado.

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"Há indícios, apontados pela Divisão de Contra-Inteligência da PF, que os envolve em um esquema de vazamento de informações, que acabou atrasando e atrapalhando as investigações da Operação Navalha", aponta o presidente do Sindipol-BA, João Carlos Sobral. "Nada mais justo que, enquanto eles estiverem sendo investigados, sejam afastados de suas funções.

Segundo Sobral, o relatório da contra-inteligência informa que tanto Nunes e quanto Bezerra foram avisados de que estavam sendo investigados pela PF, pelo vice-diretor da instituição, Zulmar Pimentel, e pelo juiz da 2.ª Vara Federal da Bahia, Durval Carneiro Neto. Ele sugere, também, que os acusados teriam repassado informações vazadas a outros investigados. "São acusações graves, que precisam ser investigadas a fundo.

O secretário da Segurança Pública se pronunciou sobre o caso. Ele admitiu ter ficado sabendo sobre as investigações acerca de seu trabalho, mas só depois que elas foram concluídas. "Em outubro do ano passado, o diretor-geral da PF, Paulo Fernando Lacerda, e o diretor de Inteligência da PF, Renato Porciúncula, me contaram que fui investigado, durante quatro meses – não sei as datas específicas -, em uma operação de monitoramento da PF", afirma. "Eles apontaram que meu comportamento foi irreparável.

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De acordo com Bezerra, ele não pode detalhar a operação na qual foi investigado, porque os trabalhos ainda estão em andamento – mas ele rebate a tese de que a Operação Navalha tenha sido derivada do monitoramento interno, como fizeram entender alguns agentes da PF. "O que posso dizer é que esse tipo de operação interna é comum dentro da PF e que, após a investigação, é normal o investigado ser avisado sobre o que ocorreu", garante.

Bezerra também rechaçou a idéia de pedir afastamento do cargo. "Nunca passou pela minha cabeça tal possibilidade. Conto com a confiança do governador e não há um indício sequer de qualquer irregularidade de minha parte em 30 anos de atuação na PF", afirma. "Rasgo minha carteira de delegado de Polícia Federal, meu diploma de bacharel de Direito e meu diploma de delegado da Polícia Federal se houver qualquer prova ou indício contra mim.

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O secretário afirma que as acusações que vem sofrendo decorrem de uma disputa política interna na Polícia Federal – e, sem citar nomes, comparou o grupo rival a Judas. "Um dos grupos que querem assumir a direção-geral da instituição está promovendo um inferno astral na vida de profissionais sérios", acusa. "São maus profissionais, mesquinhos, traidores – que existem não só na PF, mas em qualquer área.

Superintendente da PF na Bahia, César Nunes também confirmou ter sido investigado – até o ano passado, quando houve a operação interna, Nunes era superintendente da PF em Sergipe – e se disse indignado com as denúncias de que teria feito parte do esquema de vazamento de informações. "A acusação é falaciosa – e vou adotar as medidas judiciais cabíveis contra quem está querendo denegrir minha imagem", ameaça. "É muito leviano fazer acusações públicas sem apresentar provas.

Assim como Bezerra, Nunes não cogita a possibilidade de ser afastado de seu trabalho, no comando da PF na Bahia. "Sou superintendente e vou continuar superintendente", garante. Ele também rechaçou a tese de que a investigação interna tenha derivado para a Operação Navalha. "Pelo que sei, a Navalha foi iniciada com uma denúncia no Maranhão.