Em meio à disputa do segundo turno das eleições presidenciais, a greve dos bancários deverá se intensificar a partir de amanhã, com a adesão de mais Estados ao movimento. A expectativa é do presidente do Sindicato dos Bancários do Rio e membro do comando nacional, Vinícius Assumpção. O Rio foi uma das poucas cidades a entrar em greve já na semana passada, antes do primeiro turno das eleições. Segundo ele, nos governos anteriores, as greves eram reprimidas com demissões, mas agora são consideradas legítimas.
"Muita gente chama a CUT de governista, mas a central detém 95% dos (sindicatos dos) bancários em todo o Brasil e fizemos greve nos últimos quatro anos, para buscar o que se tirou da categoria em governos anteriores", comentou. Ele reconhece que o momento é conturbado, por conta das eleições, afirma que "não há dúvidas que vamos declarar apoio ao Lula" e indica que o movimento tem "independência perante qualquer governo".
O sindicalista conta que o movimento não foi pressionado "em momento algum" pelo governo com o objetivo de empurrar a greve para depois das eleições. "E mesmo se o fizesse, da nossa parte seria repudiado. A nossa independência e autonomia são direitos sagrados", completa Assumpção. Ele comenta, ainda, que a greve foi considerada como "legítima" pelo governo. Perguntado se a greve, nesse momento, ajuda ou prejudica a campanha de Lula, o sindicalista foi pragmático: "ajuda se houver um bom acordo, atrapalha se houver um mau acordo", afirmou, citando, contudo, que a expectativa é de que saia um bom acordo com os bancos públicos e os privados.
Na semana passada, o comando de greve indicou a realização de assembléias nesta quarta-feira (4) para a definição de paralisação a partir de amanhã. A categoria do Rio se antecipou e entrou em greve na quinta-feira passada. Do total da categoria, que soma 30 mil bancários no Estado, o sindicato acredita que 70%, ou equivalente a 21 mil trabalhadores, estão em greve no Estado. Para compensar os problemas causados, o movimento montou alguns esquemas alternativos voltados aos aposentados e pensionistas. Segundo Assumpção, a greve não é boa para ninguém, citando a população, os bancos e os empregados. "Mas é a última alternativa nossa", afirmou.