O governo pode sofrer amarga derrota no Senado na votação da proposta da extensão do prazo de cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o chamado imposto do cheque, até 2011. A maioria dos senadores não está disposta a aprovar a medida seguindo à risca as prescrições determinadas pelo Palácio do Planalto.

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Dentre os senadores que assumem a posição contrária à CPMF, existem muitos que aceitam mudar o voto caso o governo venha a introduzir modificações de vulto na proposta, tais como a redução gradativa da alíquota de 0,38%, maior repasse de recursos para os setores de saúde pública e educação, além da repartição de um percentual da arrecadação prevista para este ano (R$ 38 bilhões) para estados e municípios.

O sinal vermelho deve estar piscando no painel das principais autoridades econômicas do País, diante da revelação de que somente 25 senadores admitem votar a favor da PEC no formato em que a mesma chegou ao Senado, depois de passar pela Câmara dos Deputados.

Em se tratando de emenda constitucional, para que a mesma seja aprovada são necessários 49 votos em cada um dos dois turnos de votação. Um senador experiente e acostumado a discernir as reações mais recônditas dos integrantes da Casa, Pedro Simon (PMDB-RS), sinalizou que o governo venderá a alma para não perder a parada.

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A fim de suplantar os riscos na Câmara, onde todos supunham que a aprovação seria fácil, o governo viu-se constrangido a liberar mais de R$ 1 bilhão em emendas ao Orçamento da União, curvando-se à política rasteira do toma-lá-dá-cá. A dose será repetida no Senado e logo se saberá em que proporção.