O secretário-geral licenciado do PT, Silvio Pereira, afirmou na manhã de hoje que não participava de discussões de assuntos financeiros do partido e por isso não saberia responder quem teria recebido recursos de empréstimos do PT. Silvio Pereira depõe na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura denúncias de corrupção nos Correios.
"Tinha conhecimento de que o sr. Delúbio (Soares), ex-secretário de finanças, estava tentando obter recursos junto à rede bancária. Era essa a informação que eu tinha. Nada mais que isso", afirmou Silvio Pereira. Ele disse ainda que chegou a ter reuniões com empresários, mas para discutir temas políticos. "Nunca fiz qualquer mediação de interesse de empresas junto ao governo. Recebi empresários, políticos e pessoas da sociedade civil sempre para discutir temas políticos, funcional ou eleitoral", afirmou Silvio Pereira.
O secretário licenciado afirmou que conheceu o empresário Marcos Valério em meados de 2003, nas dependências do PT. Ele disse que, na época, coordenava o Grupo de Trabalho Eleitoral do partido e chegou a ter reuniões com Marcos Valério para discutir campanhas de publicidade nos estados. Segundo Pereira, o PT acabou decidindo contratar o publicitário Duda Mendonça para realizar as campanhas em nível nacional e dispensou os trabalhos de Marcos Valério. Ele disse ainda que não discutia, nas reuniões com o empresário, valores de contratos, mas apenas as propostas de marketing eleitoral.
Pereira declarou também que não fazia nomeações no governo federal. "Eu levava demandas para o governo", explicou. Sílvio disse que coordenava uma espécie de banco de dados com aproximadamente cinco mil nomes de indicações do PT e de partidos aliados que eram encaminhados ao governo federal – que, segundo o ex-dirigente, era quem decidia as nomeações.
O secretário licenciado disse ainda que não está envolvido no suposto esquema de pagamento de mesadas, como afirmara o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). "Nunca tinha ouvido falar em ?mensalão?", declarou Pereira. Ele afirmou que não tem salas em nenhuma dependência do governo, somente na sede do PT. "Nunca tive salinhas, nunca tive estrutura, nunca tive secretaria. Isso nunca existiu", ressaltou, negando afirmação de Jefferson de que ele teria sala no Palácio do Planalto.
Sílvio Pereira disse também que não deu "nenhum tipo de encaminhamento com a empresa Skymaster junto ao governo". Jefferson apontou, em depoimento à CPI, que a empresa aérea Skymaster teria superfaturado contrato com os Correios. O secretário licenciado afirmou ainda não conhecer o presidente da empresa Novadata, Mauro Dutra, que foi apontado por Jefferson como suposto beneficiário de superfaturamentos nos Correios. Na semana passada, ex-diretores dos Correios em depoimento à CPI apontaram que, no atual governo, a Novadata teve reduzidos seus contratos com a estatal.
O depoimento começou por volta das 10h30. Sílvio Pereira depõe com habeas corpus concedido ontem à noite pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que lhe dá a garantia de não responder a perguntas obrigatoriamente.