Os animais ao longo de centenas de milhares de anos vêm se adaptando fisicamente as exigências que a natureza lhes impõe, sem manifestar seus desejos e exteriorizar suas vontades.

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Simplesmente fazem o que tem de ser feito. Afiam garras e dentes, criam cascos mais duros, carapaças mais rígidas, além de outras formas de defesa para sobrevivência, manifestadas através de venenos, odores, sentidos hipersensíveis e assim por diante.

O ser humano, ao contrário, tem desejos; é liberto de escolhas e sentimentos; possui conhecimento amplo para mudar o status quo natural do mundo que se lhe apresenta, como um livro em branco a ser escrito com as letras das suas necessidades, criatividade e vontades.

Rubem Alves lembra, por exemplo, que a vespa caçadora que sai em busca de uma aranha, luta com ela, pica-a, paralisa-a, arrastando-a então para seu ninho. Ali deposita seus ovos e morre.

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Tempos depois, as larvas nascerão e se alimentarão da carne fresca da aranha imóvel. Crescerão. E, sem haver tomado lições ou freqüentado escolas, um dia ouvirão a voz silenciosa da sabedoria que habita seus corpos, há milhões de anos: “Chegou a hora. É necessário buscar uma aranha’…

E até pouco tempo o trabalho, na sua grande maioria, era do sexo masculino. E esse trabalho, em essência, tido como um fardo.
As coisas, contudo, mudaram. O mundo mudou.

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A idéia de fardo do trabalho foi substituída por realização e sucesso profissionais. A importância do trabalho como instrumento de cidadania e reconhecimento de superação e grandeza pelos outros pares da sociedade também.

“Nos Estados Unidos, as mulheres solteiras passaram de 30 milhões para 55 milhões, ou seja, aumentou o número de mulheres que lideram a estrutura familiar”, segundo Mark Penn, em seu livro Microtendências.

“À medida que vemos mais mulheres bem-sucedidas na força de trabalho, vemos o surgimento da “mulher-pantera’. Com isso, cresce o número de casais em que a mulher é cerca de cinco anos mais velha que o homem”, ainda segundo Penn.

E os jovens casais atrasam o nascimento do seu primeiro filho. E muitos optam por simplesmente não tê-los, optando por ter bichos de estimação, que são muito mimados em pet shops, hotéis e até padarias especiais para os animais.

O conceito padronizado de família, com a estrutura formatada na dicotomia: pai trabalha fora e traz dinheiro e mãe cuida exclusivamente da casa e dos filhos foi completamente alterado.

Hoje mulheres e homens querem e desejam ver-se reconhecidos como bem-sucedidos por essa sociedade. E, com isso, na atualidade, temos, também, uma nova família.

E as mulheres sabem muito bem se posicionar neste tabuleiro moderno social. Tem clareza de qual o papel que querem exercer neste novo mundo. E isso desde cedo.

Duas recentes pesquisas dão conta desta (ainda que silenciosa) vultosa mudança. Uma primeira do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que o mercado de trabalho feminino está aquecido e a sua renda em alta.

Isso, como conseqüência, diminui o tempo semanal gasto pelas mulheres em tarefas domésticas, ou seja, caiu em 5 horas desde 2001. Passou de 28,9 horas por semana em 2001 para 23,9 horas em 2008. Em contrapartida, subiu o número de homens que têm tarefa no lar. Em 2008, eles representavam 45,3%, ao passo que em 2001 eram 42,5%.

Outra, do instituto DataFolha, mostra que as adolescentes, quando instadas a responder uma única pergunta: “qual é o seu maior sonho?”, 15% (contra 14% dos homens) responderam que era ter um bom emprego.

E sabem como alcançar esse objetivo, haja vista que 15% (quase o dobro dos homens: 8%) fizeram referências a importância do estudo para alcançar o crescimento profissional desejado.

A revolução profissional, ainda que silenciosa, que vem sendo efetivada pelas mulheres no campo profissional, com a conquista cada vez maior de espaço e reconhecimento, reflete aquilo que a psicanálise dizia: “conta-me teus sonhos e decifrarei o seu segredo”. Esse é o segredo de sucesso das mulheres: sonho e realização!

Antonio Carlos Aguiar é advogado de Direito do Trabalho e professor de Direito da Fundação Santo André (SP). antoniocarlos.aguiar@peixotoecury.com.br

Carlos Eduardo Dantas da Costa é advogado do Direito do Trabalho. ced@peixotoecury.com.br