A crise das hipotecas imobiliárias de alto risco nos Estados Unidos, com o volume de perdas que o mercado denominou de subprime e a probabilidade de novas adversidades econômicas no curto prazo, ao contrário do que afirmavam os responsáveis pela condução da política econômica brasileira, terá impacto negativo sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no exercício de 2008.
O sinal mais conclusivo da realidade, segundo os analistas, já acendeu no setor de exportações, cuja expansão estimada para esse ano ficará bem abaixo da registrada nos últimos anos, não por acaso um dos fatores efetivos na formação do PIB. Enquanto isso, o mercado já trabalha com a alternativa de que as importações devem crescer alimentadas pela manutenção do ritmo da demanda interna.
Um estudo divulgado essa semana pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), diz que o desempenho menos acelerado do comércio exterior de bens e serviços, em 2008, sinaliza na direção da queda de até dois pontos percentuais no resultado final do PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo País no período de um ano.
O economista Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo, lembrou que o PIB brasileiro somente poderá crescer 5% se o mercado interno tiver desenvolvimento muito maior que em 2007. Gianneti admite que ?se repetir o mesmo resultado (do ano passado) a economia crescerá 3%?.
Trata-se, pelo visto, da primeira advertência oriunda de uma prestigiosa instituição corporativa do País, a esboçar um quadro pessimista para o desenvolvimento da economia nacional na atual temporada, que começa sob o signo aziago do provável agravamento da recessão norte-americana. As autoridades econômicas, é custoso crer que ainda não disponham de evidências sobre o agravamento do problema, bem fariam em levar em consideração as ponderações da Fiesp e, desde já, sair em busca das soluções conjuntas para atenuar as perdas internas.
As vendas externas do País esse ano, segundo a Fiesp, terão o pífio acréscimo de 5%, totalizando US$ 168 bilhões, ou 16% a mais que no ano passado. Na outra ponta, com demanda aquecida, as importações devem crescer 25% chegando a US$ 144 bilhões, reduzindo o superávit da balança comercial dos atuais US$ 40 bilhões para US$ 24 bilhões, com uma queda de 40% (US$ 16 bilhões).
Os números são ingratos, mas deveras realistas.
