Em conversa com parlamentares da oposição, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Ubiratan Aguiar revelou que o Planalto tem dificultado a investigação das despesas dos cartões corporativos do governo. O maior obstáculo, segundo eles, se deve à triagem feita pela Casa Civil sobre os gastos que devem ou não ser taxados de sigilosos.
Entre as informações sonegadas, de acordo com o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), estão o custeio de despesas em benefício do presidente Lula e seus familiares. O deputado acredita que a negativa levanta a suspeita de que o presidente, sua mulher e filhos estariam utilizando dinheiro público em aquisições ou outros benefícios alheios ao cargo ou à condição que ocupa no governo. "No momento em que falta essa informação, dá margem a este tipo de especulação, defendeu o deputado.
Informações divulgadas até agora dão conta que até setembro a Presidência da República e os ministérios custearam com os cartões gastos de R$ 20,75 milhões, o que é quase o valor de 2005, de R$ 21,70 milhões e representa aumento de 46,6% em relação ao R$ 14,1 milhões gastos em 2004. De janeiro a setembro só os gastos da Presidência com cartões chega a R$ 6,8 milhões.
O ministro Ubiratan Aguiar é o relator da auditoria sobre os cartões corporativos e sobre as cartilhas encomendadas em 2003 pela extinta Secretaria e Comunicação da Presidência da República (Secom), que teriam causado aos cofres públicos um prejuízo de R$ 11,7 milhões. Ele ficou de apresentar aos parlamentares, na próxima quarta-feira, um relatório preliminar sobre os cartões. Também ficou de encaminhar novamente os nomes dos petistas que teriam distribuídos as cartilhas, que ainda não chegaram ao sub-relator de sistematização da CPI dos Sanguessugas, deputado Carlos Sampaio. De acordo com o ministro, foram notificadas de "12 a 15 pessoas" envolvidas no esquema, entre elas o chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos, o ex-ministro Luiz Gushiken.