O cineasta Rogério Sganzerla deixou pronto o roteiro de ?Luz nas Trevas?, o segundo filme sobre o bandido da Luz Vermelha. Na obra, inédita, o assassino sai da prisão, encontra um mundo totalmente diferente e então resolve retornar ao presídio. O filme não é uma continuação do primeiro. Segundo Roberto Ronchezel, assessor de Sganzerla, o roteiro foi inscrito no Ministério da Cultura para participar dos concursos públicos de apoio financeiro a projetos e obras cinematográficas inéditas. O filme, porém, não esteve entre os selecionados de 2003.
Rogério Sganzerla é considerado o maior símbolo brasileiro do ?cinema marginal? e chamava suas obras de fora-da-lei. Seu último filme, ?O signo do Caos?, foi classificado por ele como o antifilme. A obra de Sganzerla não é convencional. Os filmes não têm um roteiro com começo, meio e fim. Os personagens são caricatos e a narrativa nada linear. O cineasta sempre foi contra os filmes que têm o objetivo apenas de entretenimento. Ele costumava chamar alguns filmes de cinema de reprodutores, por serem sempre parecidos. Numa crítica às produções comerciais, um dos personagens de Signo do Caos diz que elas são recomendados para quem tem insônia.
Signo do Caos relembra ainda a passagem do cineasta Orson Welles pelo Brasil, em 1942. Ele queria fazer um filme aqui, intitulado ?It’s All True?, mas teve seu material apreendido. Indignado, Sganzerla fez do episódio tema para vários de seus filmes, entre eles o documentário ?Tudo é Brasil? (1997) sobre a viagem do americano que ficou célebre em todo o mundo por ter dirigido ?Cidadão Kane?.
Sacudir as pessoas era o objetivo dos filmes de Sganzerla. Em ?O Abismu? (1977), por exemplo, um clipe inteiro de Jimi Hendrix aparece no meio da história.
Como todo diretor, Rogério Sganzerla também tinha sua musa inspiradora. Helena Ignez, sua mulher, foi a grande atriz dos filmes que dirigiu.