O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, afirmou hoje (7) que o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), é a "expressão física do mensalão". A declaração foi dada durante um intervalo das reuniões preparatórias da Conferência Nacional dos Advogados, em referência às suspeitas de que o parlamentar, quando era primeiro secretário da Câmara, em 2002, teria recebido propina do empresário Sebastião Buani para renovar o contrato de concessão do restaurante da Câmara. "O presidente da Câmara é o que há de pior dentro do Congresso Nacional", disse Busato. "A figura de Severino Cavalcanti, que no princípio foi algo hilariante, se transformou numa tragicomédia. Com esse escândalo de pagamento de propina que vem à tona agora, fica demonstrada a precariedade ética e moral com que se está conduzindo os destinos do Congresso Nacional." Busato manifestou sua preocupação com os rumos do Congresso frente às recorrentes denúncias de corrupção envolvendo seus integrantes e afirmou que, infelizmente, os bons parlamentares da Casa estão "acuados pelo tamanho da imoralidade que existe no Congresso Nacional". Segundo ele, a eleição de Severino para a presidência da Câmara confirmou aquilo que a OAB vinha dizendo desde o final do ano passado, quando lançou a Campanha em Defesa da República e da Democracia. "A cena política era péssima e esses tipos do Severino eram uns verdadeiros pastelões que se apresentavam à sociedade." As críticas do presidente da OAB se somam às articulações da oposição para cassar ou destituir Severino da presidência da Câmara. Uma espécie de catarse coletiva foi ativada desde o episódio, da semana passada, no qual o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) ousou declarar em plenário, na frente de Severino, que ele era "um desastre para o País". O desabafo particular do parlamentar acabou ecoando por todos os partidos, deixando Severino e seu grupo de fiéis escudeiros bastante isolados. Apenas o núcleo petista mais duro, por interesses próprios, se mantém contrário ao afastamento de Severino. Isso porque vê no presidente da Câmara, por suas posições polêmicas, uma possibilidade de livrar a cabeça dos parlamentares acusados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão.

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