Brasília (AE) – O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), decidiu enviar, daqui a uma semana, relatório parcial para o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), com todos os nomes dos 18 deputados envolvidos no esquema do mensalão. Caberá ao presidente da Câmara definir quais os deputados que serão processados pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e quais serão investigados pela CPI da Compra de Votos, conhecida como a CPI do Mensalão.

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Inicialmente, Serraglio pretendia dividir seu relatório parcial: uma parte com os nomes dos deputados que já têm provas suficientes para serem processados pelo Conselho de Ética e outra com aqueles em que os indícios de envolvimento no mensalão são insuficientes e, por isso, precisariam ser investigados pela CPI da Compra de Votos. Mas desistiu depois da pressão de integrantes da CPI dos Correios, que são contrários a essa divisão.

"Ninguém quer fazer essa separação por isso resolvi que vai tudo para o Severino Cavalcanti. Ele é quem vai definir o que vai para a CPI e o que vai para o Conselho de Ética", disse Serraglio. "A CPI não pode fazer qualquer juízo de valor sobre a participação de deputados no mensalão. Temos de reunir todos os documentos e encaminhar isso para a presidência da Câmara", defendeu o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).

O deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) também quer que a decisão sobre quem vai para o Conselho de Ética fique nas mãos do presidente da Câmara. Mas observou: "Acho que no relatório pode haver uma sugestão da CPI dos Correios de destinação do caso."

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Até hoje à noite, 15 dos 18 deputados envolvidos no suposto esquema do mensalão já haviam recebido a notificação enviada pela CPI dos Correios para esclarecer sua eventual participação no pagamento de mesada a parlamentares para votar com o governo. Apenas o deputado Vadão Gomes (PP-SP) havia respondido a notificação até o início da noite de hoje.

O deputado João Magno (PT-MG) enviou correspondência à CPI com um pedido para que o relator seja mais específico sobre que tipo de explicações deseja. Os deputados Roberto Jefferson (PTB-RJ), José Janene (PP-PR) e Paulo Rocha (PT-PA) se recusaram a receber o ofício da CPI dos Correios.

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Foram notificados por Aviso de Recebimento (AR). Serraglio anunciou hoje que dará até a próxima quarta-feira, dia 24, para que os deputados respondam a notificação com as explicações sobre saques das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. "Acredito que até a sexta-feira da semana que vem apresento o relatório parcial", disse o relator.

A CPI dos Correios toma amanhã o depoimento de Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, que foi acusado de ter sacado mais de R$ 300 mil de contas de Marcos Valério. Pizzolato tentou hoje adiar o seu depoimento por dez dias, mas o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), negou o pedido.

O publicitário Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Silveira enviaram hoje para a Comissão autorização para a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. A autorização só vale para o Brasil. A quebra do sigilo de conta Dusseldorf, que é uma agência do Banco de Boston em Miami e recebeu R$ 10,5 milhões de Marcos Valério, depende das negociações do governo brasileiro com a Justiça americana.

Antes do depoimento de Pizzolato, a CPI dos Correios realiza uma sessão administrativa para votar requerimentos. Os parlamentares de oposição querem convocar o presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, que afirmou ter pago empréstimo de cerca de R$ 30 mil do PT ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Querem ainda a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de Okamoto e a convocação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "Vai ser uma guerra amanhã na CPI", resumiu Delcídio Amaral.