Brasília – O setor público é atualmente a principal fonte de emprego para médicos no Brasil. A maior parte trabalha em hospitais públicos e postos de saúde e praticamente não existem médicos desempregados no país. Apesar disso, o médico brasileiro é pessimista em relação ao seu futuro. A maioria afirma que a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) e o sistema de convênios são responsáveis pela deterioração da profissão.
Os dados constam de uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre Qualificação, Trabalho e Qualidade de Vida do Médico. Ao todo, 14.405 médicos de todas as regiões do país e especialidades médicas responderam questionários pela Internet durante todo o ano de 2002.
Apesar de ter entrevistado um número significativo de médicos, mais de 14 mil, a pesquisa reflete a opinião de apenas 5% do total de 290 mil médicos existentes no país (número do próprio CFM).
Em linhas gerais, a pesquisa mostra que o médico é mais pessimista em relação ao seu futuro (45,7%) do que otimista (14,7%). Entre as razões para ser pessimista, eles destacam o assalariamento e a incerteza da profissão. O único motivo para comemorar e ser otimista, de acordo com a categoria, é a sua competência profissional.
As questões envolviam características gerais da profissão, como distribuição regional, formação, participação científica, mercado de trabalho, orientação/participação sociopolítica e atitudes frente à vida e valores humanos. Os médicos também opinaram sobre a política de saúde do governo e as condições gerais de saúde da população brasileira.
A implementação do SUS, por exemplo, foi considerada inadequada pela maioria. Na opinião dos médicos, com o SUS diminuíram e/ou pioraram: as condições de trabalho (52,6%); os rendimentos (52,4%); a qualidade dos serviços (47,4%) e a sua organização (40,7%). Somente em dois aspectos teriam melhorado: a cobertura da assistência (50,7%) e o emprego médico (44,8%).
Sobre o Programa Saúde da Família (PSF), os médicos fazem uma apreciação mais positiva. A maioria afirmou que o PSF aumentou o emprego médico (74,6%) e a cobertura da assistência (70%). A qualidade dos serviços, sua organização, os rendimentos e as condições de trabalho se mantiveram no mesmo patamar para 46% dos entrevistados.
A maioria dos médicos também apresentou uma percepção negativa sobre os convênios. Para eles, o sistema diminuiu a liberdade de fixação dos honorários (83,6%), a autonomia do profissional (78%) e, em menor medida, a liberdade de escolha para o paciente (52,3%).
Setor público é principal fonte de emprego dos médicos brasileiros
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