As indústrias farmacêuticas investirão este ano R$ 2,25 bilhões, dos quais 43% em publicidade e marketing e 32% em modernização e ampliação da produção. O setor está com 40% de capacidade ociosa. Os investimentos em produção dos laboratórios nacionais representarão 50,2% do total e serão, pela primeira vez, maiores do que os previstos pelas firmas de origem estrangeira (49,8%). Isso reflete o avanço das empresas brasileiras no setor.
Os dados foram divulgados hoje (23) pela Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma). "A indústria está investindo mais. Apesar de toda turbulência política desde 2005, não está diminuindo a vontade de investir do setor", disse Mortella.
O executivo explica que os valores destinados ao marketing serão maiores porque o mercado encolheu 2,32% em volume e as empresas partirão de maneira mais agressiva para a disputa de mercado.
A Febrafarma explicou que não é possível comparar o resultado da pesquisa de investimentos deste ano com a de 2005 porque mais empresas (53) participaram do levantamento, comparado ao ano passado (44). Mas levando em conta um grupo de 26 empresas que participaram dos dois levantamentos, o crescimento dos investimentos é de 50%. Um dos destaques do resultado é o interesse nos investimentos das empresas nacionais.
A fatia de mercado dos laboratórios brasileiros está avançando nos últimos anos, ajudado pelas vendas no segmento de genéricos e com a presença regional. Entre 2001 e 2005, o peso das empresas brasileiras saltou de 34% para 43% em volume de unidades de 2001 a 2005, com base nos dados da Associação dos Laboratórios Nacionais (Alanac). Um grupo de empresas, dentre eles a Medley, Eurofarma, Biosintética e EMS, domina o segmento.
O presidente da Alanac, Josimar Henrique da Silva, acredita que a participação de mercado poderá chegar a 50% nos próximos anos. A fatia de mercado do Grupo EMS, por exemplo, subiu de 5,1% para 6,7% entre 2004 e 2005. A diretora de Relações Externas do grupo Telma Salles, conta que o faturamento cresceu 37,5% ano passado para R$ 983 milhões, e que a empresa planeja inaugurar este ano novo parque industrial em Hortolândia (SP).
A Libbs Farmacêutica, cujas vendas cresceram 10% e somaram R$ 340 milhões ano passado, também prevê concluir nova unidade este ano em Embu (SP). "Este avanço é impressionante. Daqui a pouco as multinacionais vão perceber isso e fazer um contra-ataque", diz o chefe do departamento de químicos e farmacêutico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pedro Palmeira. Ele cita que é preciso, também, fortalecer a cadeia de produção e reduzir o déficit comercial do setor.
O diretor de marketing da Libbs, Alcebíades Athayde Junior, diz que o projeto é de crescimento, com novos produtos ou até novas aquisições. Sobre o avanço das firmas nacionais, ele pondera que o mercado brasileiro vem perdendo peso no mundo e que o avanço em genéricos representa uma "opção de sobrevivência". O executivo prega a necessidade de as empresas nacionais desenvolverem no País produtos de maior valor. Sem isso, prossegue Atahyde, o País continuará dependendo das grandes corporações internacionais.