Concessionárias de serviços de energia elétrica e de telecomunicações estarão reunidas em Curitiba nesta terça-feira para debater formas de combate ao roubo de materiais e equipamentos instalados nas vias públicas como condutores, transformadores e componentes de estruturas metálicas de sustentação, cuja incidência tem crescido em escala alarmante. No caso da energia elétrica, também vão ser abordadas as ligações clandestinas (“gatos”) e as fraudes contra os mecanismos de medição do consumo, como desvios na fiação e a manipulação criminosa de medidores.
O objetivo do evento é divulgar as ações desenvolvidas isoladamente pelas empresas e, a partir daí, tentar estabelecer uma estratégia conjunta de reação aos bandidos. “É necessário mobilizar a sociedade para que colabore com as empresas, pois o prejuízo será sempre dela”, analisa Paulo Pimentel, presidente da Copel, empresa que, ao lado da Abradee (Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia), organiza o seminário. “Além do reflexo na tarifa, é preciso considerar o transtorno e o custo do desconforto de ficar sem o serviço por causa da ação de ladrões”, completa.
Além das empresas, participarão do seminário os diretores da Aneel e Anatel ? agências reguladoras dos serviços de energia elétrica e de telecomunicações ?, representantes da área de Segurança Pública e integrantes do Poder Judiciário. “Queremos sensibilizar as autoridades para as implicações que existem por trás de uma ocorrência aparentemente simples, como o roubo de materiais elétricos”, explica Paulo Pimentel. “Junto com o ferro ou alumínio, os ladrões podem estar levando consigo o acesso de milhares de pessoas a um serviço indispensável, deixando o sistema elétrico vulnerável a apagões ou, em certos casos, até colocando vidas em risco”.
Prejuízos
Um recente levantamento feito pela Abradee indica que só com a reposição do material roubado de suas redes elétricas, as concessionárias gastaram mais de R$ 10 milhões, em 2003, sem contar o prejuízo aos consumidores e o transtorno à coletividade provocados pela falta de energia. Conforme apurou a entidade, no mesmo período, mais de 2 mil ocorrências foram registradas no país envolvendo a subtração criminosa de materiais e equipamentos.
A ação dos marginais tem como objetivo vender a receptadores o material roubado das redes elétricas e dos sistemas de telecomunicações, principalmente. Os componentes mais visados são os cabos de cobre e alumínio. Quase 1.500 km de condutores elétricos, o suficiente para conectar Curitiba a Brasília, tiveram de ser repostos, durante o ano passado, refazendo trechos inteiros de redes elétricas levados por ladrões, em todo o Brasil.
Outro problema sério enfrentado pelas concessionárias é a perda de receita provocada pelo consumo irregular de eletricidade, somando-se aí ligações clandestinas ? os “gatos”, como são conhecidas ? e as fraudes praticadas com o intuito de burlar os mecanismos de medição do consumo. Por conta dos furtos e fraudes, as distribuidoras brasileiras deixaram de receber quase R$ 3,6 bilhões em 2003, pelo consumo não pago de 16,4 milhões de megawatts-hora de energia, quantidade suficiente para satisfazer o gasto anual dos 3,2 milhões de consumidores atendidos pela Copel, em todo o Paraná.
Nesse total, estão incluídas as perdas comerciais da própria Copel, que no ano passado atingiram 219 mil megawatts-hora ou R$ 47,9 milhões. “Proporcionalmente, as perdas da Copel podem ser entendidas como baixas”, informa o coordenador do seminário de furtos e fraudes, André de Castro David. “Mas isso não é motivo para que o problema deixe de ser enfrentado e resolvido, pois do contrário ele só irá aumentar”, conclui.
O seminário sobre furto e fraude de energia e roubo de materiais será realizado no salão de eventos do Hotel Blue Tree Towers, no Batel (Avenida Sete de Setembro, 5.190).