Rio (AE) – O setor de serviços aumentou o número de empresas e de pessoal ocupado entre 1998 e 2003, mas o salário médio mensal caiu. As empresas do setor desempenharam nos últimos anos o papel de absorver os ocupados que deixaram a indústria no processo de reestruturação produtiva, destacou Juliana Vasconcelos, da coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a Pesquisa Anual de Serviços (PAS), divulgada hoje (29), o número de empresas aumentou 50% desde 1998, chegando a 923 mil em 2003. No mesmo período, o número de ocupados cresceu 28%. A gerente de Análise do IBGE, Clician Oliveira, explicou que a taxa de crescimento da população economicamente ativa no setor tem crescido acima da média dos demais segmentos da economia. Segundo ela, "várias partes do processo logístico industrial hoje estão em terceirização, como transporte e gerenciamento de estoques, e, além disso, os serviços têm dinâmica em atividades modernas como telecomunicações e informática." O número de ocupados no segmento de serviços prestados às empresas, por exemplo, cresceu 40% de 1998 a 2003. O segmento de informática se expandiu 80%.
Por outro lado, a pesquisa mostrou que o rendimento médio dos trabalhadores de serviços não acompanhou a expansão da mão-de-obra e caiu de 4,1 salários mínimos para 3,2 no período. A redução mais drástica ocorreu exatamente no segmento de informática, de 9,4 mínimos para 6,2.
As comparações entre o período de referência da pesquisa (2003) e o ano anterior mostram uma queda de 3,3% na remuneração média mensal, de 3,3 salários mínimos para 3,2 salários mínimos, além de uma perda real (deflacionada pelo IPCA) de 4,2% na receita operacional líquida do total de empresas do setor. Houve pequena redução também no número de ocupados (-0,4%) entre 2002 e 2003.
Juliana disse que os dados da pesquisa estruturalmente confirmam que os serviços vêm absorvendo parte dos trabalhadores dispensados no processo de reestruturação produtiva da indústria mas o número de ocupados ficou praticamente estável em 2003, ante o ano anterior, porque "foi um ano ruim para a economia".
A PAS traz informações sobre a estrutura produtiva do segmento empresarial de serviços não-financeiros no Brasil. Em 2003, as empresas do setor auferiram R$ 326,6 bilhões de receita operacional líquida, empregando aproximadamente 6,758 milhões de pessoas, cujos salários e outras remunerações foram de cerca de R$ 63,1 bilhões.