São Paulo – Os fabricantes de calçados estão pessimistas. Depois de registrar 20 mil demissões no ano passado por conta da desaceleração das exportações e do aumento da concorrência dos calçados chineses no mercado interno, o setor projeta um corte de 25 mil vagas neste ano e uma queda na produção da ordem de 85 milhões de pares. Em janeiro, o setor registrou queda de 7% no faturamento com as vendas externas. "Até dezembro, ainda registrávamos receita positiva, mas este quadro está mudando e os empresários não têm mais fôlego", reclama Elcio Jacometti, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados).
A estimativa da entidade deve se confirmar caso seja o dólar continue desvalorizado. "Estamos desapontados e frustrados com a falta de reação dos órgãos de governo aos nossos apelos de ajuda", disse o empresário, lembrando que no ano passado a indústria nacional de calçados deixou de exportar 23 milhões de pares, importou 16 milhões de pares e fechou 60 fábricas somente no Rio Grande do Sul.
A entidade promove amanhã, em São Paulo, um encontro com empresários do setor e com o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) para detalhar a crise, que começou no ano passado.