Sete na encruzilhada

Depois da longa crise resultante da falta de tato – não seria mais adequado escrever escrúpulos? – dos principais dirigentes na deletéria associação com o publicitário mineiro Marcos Valério de Souza, que mostrou o caminho das pedras para conseguir o dinheiro que acabou municiando o mensalão, ainda não refeito da crise de identidade e do desbotamento da imagem de partido propugnador da ética na política, o PT fará neste domingo a eleição de seus novos dirigentes nacionais.

A convenção petista se realiza sob o signo da desmoralização de seus líderes mais credenciados, o ex-ministro José Dirceu encabeçando o cortejo de militantes banidos pela forma bisonha com que se lançaram à irrefletida aventura da detenção do poder em sucessivos mandatos presidenciais, aliás, a mesmíssima estultice alimentada pelo falecido ministro Serjão, o incansável buldôzer de FHC.

O mínimo que se pode dizer hoje é que o PT não é nem a sombra do aguerrido grupo de militantes, galvanizados pela liderança do torneiro-mecânico do ABC, que, depois de duas décadas de embates políticos, avançou com ousadia da eleição do primeiro vereador ao segundo mandato de Lula na Presidência da República. O fato a ser ressaltado, entrementes, é que o desastre petista não respingou na popularidade do presidente, que beliscou número maior de votos na segunda eleição.

Enquanto isso, o PT digere uma crise intestina que parece não ter data para terminar, sendo o sinal mais eloqüente a inscrição de sete candidatos ao posto de presidente da executiva nacional, atualmente exercida pelo deputado Ricardo Berzoini (SP), também candidato. Diante disso, o balanço é inevitável: o presidente Lula, fundador do PT, conseguiu atravessar incólume o lamaçal que sepultou a empáfia de José Dirceu, Gushiken, Genoino e, por tabela, a subserviência matreira dos coroinhas Delúbio e Silvinho.

Já o partido mergulhou num poço sem fundo, passando a ocupar posição subalterna na articulação política da base, pois não pertence a seu quadro o ministro responsável pela área e, somente com a escalação do deputado José Múcio (PTB-PE) no primeiro time, passou a ocupar, sob protestos da aliança, a liderança do governo na Câmara, condição que também não desfruta no Senado. Além disso, dos sete pretendentes inscritos nenhum agradou ao presidente Lula.

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