Na luta pelo sonhado plano de cargos e salários, os servidores federais da Cultura entram em greve amanhã, por tempo indeterminado. É a terceira paralisação do setor em quatro anos. O Ministério da Cultura está especialmente preocupado com a possibilidade de uma paralisação longa, que se estenda até os Jogos Pan-Americanos, em julho, quando o Rio deverá receber 500 mil turistas, segundo expectativa da prefeitura. A data da greve foi escolhida estrategicamente: nesta segunda-feira (14), começou a Semana Nacional dos Museus.
O ministro da Cultura, Gilberto Gil, vai se reunir amanhã com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para tratar do plano, que é pleiteado desde 2004 pela categoria. Solidário ao funcionalismo – ele chegou a declarar que só participaria do segundo mandato do presidente Lula caso os servidores fossem contemplados -, Gil contou nesta segunda-feira, no Rio, que conversou na semana passada com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que lhe assegurou que voltaria a negociar com os servidores.
"Essa não é uma resposta que eu tenha. O Ministério do Planejamento tem atribuição exclusiva para tratar do assunto", afirmou Gil. "Uma greve agora que se prolongue até julho ou agosto vai ter impactos muitos grandes, por exemplo durante o Pan, uma vez que o Rio tem uma série de equipamentos culturais importantes." O ministro disse ainda que, por enquanto, não está previsto qualquer tipo de punição para os grevistas. Mas ressaltou que, dependendo da extensão da paralisação, será necessário tomar "providências que agora ainda não estão em pauta".
Os 2.200 servidores, sem aumento há dez anos, reivindicam a aplicação do plano como forma de valorizar a categoria. Hoje, uma funcionária de nível superior que ocupa o cargo de administrador cultural tem vencimento-base de R$ 263,80; com as gratificações, que podem ser retiradas, chega a R$ 1.900, de acordo com informações da Associação de Funcionários da Fundação Nacional da Arte.