Apesar de reconhecer que "não foi possível provar o envolvimento do Lula (presidente Luiz Inácio Lula da Silva)" no mensalão ou em caixa 2 de campanha eleitoral, o relator da CPMI dos Correios, deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), acredita que a proximidade com as eleições contribuiu para que ele fosse mais preservado. "Se fosse no primeiro ano de mandato as coisas seriam diferentes. Tenho convicção disso", acentuou.
A isso somou-se a limitação da própria CPMI em suas investigações. "Tem que ver que estamos num âmbito de investigação limitado. Não investigo todas as coisas do Lula", ponderou. Segundo ele, só foi possível chegar perto do filho do presidente, Fábio, sócio de uma empresa que teve debêntures compradas pela Petros (fundo de pensão da Petrobras), quando foram investigados os fundos de pensão. "Mas investigamos marginalmente, porque não foi criada a CPI dos Fundos de Pensão" disse. "Se tiver uma CPI para investigar esse tipo de coisa vai às últimas conseqüências."
Além disso, não havia nenhum respaldo popular para se responsabilizar o presidente. "A população, talvez até sabiamente, separou o Lula do lamaçal que vinha aparecendo", afirmou. "Se houvesse um movimento como aconteceu com o Collor (ex-presidente Fernando Collor de Mello), por meio dos caras-pintadas, talvez a história fosse diferente, porque realmente é muita corrupção." Segundo ele, o "antídoto" pode vir nas eleições de outubro.
Como já registrou em seu relatório, Serraglio ressaltou que não tinha competência legal para quebrar sigilo de parlamentares, o que poderia provar definitivamente o mensalão. "Houve uma CPI do Mensalão, que tinha poder para fazer isso, mas ela melou", lamentou. Ele espera que o Ministério Público requeira e consiga ordens judiciais para a quebra dos sigilos. "Admitir que pagavam para votar é grave", afirmou. "Eles (dirigentes do PT) não podiam admitir e aí tinham que estudar outra história: o dinheiro foi para a campanha."
Serraglio manifestou-se "frustrado e triste" com a absolvição pelo plenário da Câmara dos Deputados de parlamentares acusados de se beneficiarem do "valerioduto". Segundo ele, a absolvição é fruto de "acordo" entre os deputados. "O fato de serem réus une os réus", afirmou. "Não há mais vergonha."