Foi com muita ironia que o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, comentou hoje, no Rio Grande do Sul, o reajuste de 9,7% para o óleo combustível da Petrobrás, às vésperas das eleições. “Sem dúvida, a Petrobrás faz reajustes muito oportunos a três dias da eleição. Não tenho a menor dúvida disso”, disse. É o terceiro aumento dos últimos dez dias; no ano, o combustível já foi reajustado em 76%.

O candidato prosseguiu com a ironia: “Se a Petrobrás faz reajustes, é porque acha necessário, e isso mostra que ela não está nem aí para a eleição, o que é uma coisa positiva. Ou seja: a empresa não está interferindo no processo eleitoral a meu favor”.

Questionado se os reajustes estariam beneficiando as candidaturas de oposição, Serra sinalizou “Não sei”. Por várias vezes na campanha, Serra criticou a estatal, a qual acusa de monopolista e de cobrar taxas abusivas dos consumidores.

O candidato passou o dia de hoje no Rio Grande do Sul, um dos Estados em que está mais bem colocado nas pesquisas de intenções de votos. Acompanhado do candidato a governador pelo PMDB, Germano Rigotto, Serra fez discurso para cerca de 300 pessoas que o esperavam para um almoço no Centro de Tradições Gaúchas de Pelotas.

Como chegaram com cerca de duas horas de atraso, o candidato e a vice Rita Camata dispensaram o churrasco após os discursos e seguiram para os municípios de Rio Grande e Santa Maria.

Em seu discurso, Serra criticou o PT e, em particular, o governador gaúcho Olívio Dutra. “Há dois PTs no Brasil: o PT da TV, paz e amor, bonzinho e ponderado, e o PT real, que tem aqui no Rio Grande do Sul”, disse. “O PT real aqui é cumplicidade com as invasões de terra, é atraso de salários e não cumprir com as exigências constitucionais da saúde e da educação no que se refere ao orçamento; é isolar o Rio Grande do Sul do progresso e do desenvolvimento e tirá-lo do centro das decisões políticas do País”.

Na entrevista à imprensa, Serra acusou o governador petista de não aplicar corretamente a verba de R$ 1 bilhão que, segundo ele  o governo federal repassa anualmente para o Estado. Citou como exemplo “investimentos de urgência e emergência”. “Houve atraso, ficaram com o dinheiro no caixa único, não gastaram.”

O candidato ficou irritado durante a entrevista e chegou a se retirar da mesa, dizendo que as perguntas se restringiam apenas ao “tititi” eleitoral. “Vocês não querem falar sobre o Rio Grande do Sul, querem saber o que fulano falou, o que o outro disse, que não sei que, não sei que lá.” Seguiram-se então perguntas sobre seus planos para o Estado e ele retornou. Prometeu duplicar rodovias e melhorar aeroportos para facilitar as exportações, e incentivos para que o Estado se torne um pólo produtor de componentes para a indústria de eletroeletrônicos.

Sobre suas chances de garantir uma vaga no segundo turno, o candidato afirmou: “Claro que dá. O que você queria que eu dissesse? Que não dá para alterar?” (a tendência de vitória de Lula no primeiro turno).

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