O presidenciável José Serra (PSDB) voltou a garantir que não renunciará à sua candidatura e disse que o país não vai eleger um ?atirador de pedras?. Ele fez este comentário ao criticar a troca de acusações entre os candidatos. O tucano afirmou que é a favor do debate para discutir propostas para o país, mas que ?outros candidatos insistem em fazer balanço?, numa referência às críticas feitas por seus adversários ao governo Fernando Henrique Cardoso. O tucano condenou a troca de acusações entre os presidenciáveis e disse que é contra o uso de ataques pessoais como estratégia de campanha, ressaltando que apenas responde críticas feitas a ele. Para ele, a campanha vai começar mesmo com o início do horário eleitoral gratuito no rádio e TV, dizendo o velho chavão do futebol.
– Para mim, treino é treino, jogo é jogo. Estou como a seleção do Felipão. É o padrão da Seleção Brasileira. Vamos seguir nessa estratégia e vamos ganhar o jogo no momento que importa, que é no dia 6 de outubro – disse Serra, hoje pela manhã durante entrevista ao jornal ?Gente?, da Rádio Bandeirantes.
Terceiro lugar nas pesquisas eleitorais e empatado tecnicamente com Anthony Garotinho (PSB), o tucano disse que ?não está preocupado? com o resultado das pesquisas. Ele aposta suas fichas para o crescimento nas pesquisas de intenção de votos no início do horário gratuito, já que terá praticamente o dobro do tempo do candidato líder nas pesquisas, o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Serra lembrou que, no Rio, o ex-prefeito César Maia (PFL) ganhou a eleição mesmo sem ter liderado as pesquisas até mesmo na consulta de boca de urna. O presidenciável também citou o caso do governador Mário Covas (PSDB), que estava em quarto lugar nos levantamentos de intenção de voto até duas semanas antes da eleição.
– Quando você é o candidato apoiado pelo governo, e devo dizer que tenho orgulho desse apoio, você é vidraça. Espero que o país não escolha para governar o Brasil um atirador de pedras. Para governar não basta fazer boas críticas, é preciso saber apresentar soluções – afirmou.
Apesar disso, no entanto, Serra voltou a criticar o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes. Para Serra, o primeiro déficit brasileiro com o exterior ocorreu na gestão de Ciro, quando ele ficou ?apenas 116 dias? no Ministério da Fazenda.
– Eu discuto idéias, debato teses. Mas vou ficar engolindo loteamento na lua? Não dá – afirmou.
O tucano negou que vá abandonar o processo eleitoral e disse que os boatos sobre a sua renúncia – surgidos na última sexta-feira – tiveram origem em ?outros comitês eleitorais?. Ele atribuiu os rumores aos adversários e a especulares financeiros, mas não citou nomes.
– Vou guardar o palpite para mim, mas os jornalistas sabem. Tem gente aí ligada a outros comitês eleitorais. Também tem gente que ganha dinheiro no mercado financeiro – disse.
O tucano reafirmou que sua meta é criar oito milhões de empregos em quatro anos e fazer o país crescer ao menos 4% ao ano. Serra também defendeu o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) como uma forma do país enfrentar as turbulências econômicas e disse que a negociação não implica em nenhum sacrifício adicional.
– O acordo com o FMI é necessário porque se garante o enfrentamento melhor das turbulências – disse.
O tucano afirmou que defende um tripé amparado no câmbio flutuante, metas de inflação e responsabilidade fiscal para superar a crise econômica.
– Manter as metas de inflação, manter a inflação sob controle, não desorganizar os gastos públicos, manter o câmbio flutuante, para não ficar sem reservas e divisas. A época não é de normalidade e teríamos problemas mais sérios se a gente abandonasse esse tripé – avaliou.
Serra se mostrou otimista em relação ao cenário econômico em 2003, no primeiro ano de mandato do próximo governo.
– Como o crescimento está lento, como tem muita capacidade ociosa, muita gente querendo trabalhar, a partir do ano que vem poderemos ter condições para voltar a crescer desde que não deixemos a inflação disparar e que haja segurança para o investidor – observou.
Ao ser indagado sobre a sua relação com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra afirmou que o país está passando por um processo de mudanças para o início de uma nova etapa.
– O Fernando Henrique está terminando um ciclo na vida política e na vida econômica do país. Vamos ter uma nova etapa que não deve ser a mesma do ponto de vista da economia, nem do ponto de vista da política. A economia vai mudar. Num curto prazo, a política deverá ser mais ativa quanto ao crescimento econômico, geração de empregos e de maior estímulo à produção nacional – ressaltou.
O tucano assinalou que a saída para recuperar a capacidade produtiva da indústria nacional é aumentar as exportações e substituir as importações.
– É preciso pensar em financiamentos, investir em estradas, em ferrovias, fazer o que for para facilitar as exportações e substituir as importações para gerar mais emprego e fortalecer a nossa produção. É vender para o exterior para gerar mais dólar e assim baixar os juros. Esse é o caminho, a ponta do barbante – afirmou.
Serra: País não vai eleger um ‘atirador de pedras’
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