Serra evita afirmar que cumprirá mandato, se for eleito

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, se mostrou irritado quando questionado sobre a possibilidade de cumprir todo o mandato se vier a ser eleito. Ele foi entrevistado no telejornal SPTV, da TV Globo. Serra e o governador mineiro e candidato à reeleição Aécio Neves são tidos como os potenciais tucanos a disputar a eleição presidencial de 2010, independentemente do resultado da disputa deste ano.

Serra afirmou que 2010 está muito longe e que ninguém sabe o futuro até lá. Assegurou, porém, que "vai trabalhar bastante para corresponder à expectativa dos eleitores", se for vitorioso. Ele aproveitou para esclarecer que não assinou em cartório o compromisso de que ficaria até o fim de seu mandato à frente da Prefeitura de São Paulo. Disse que assumiu esse compromisso durante uma entrevista a órgãos de imprensa e que as circunstâncias de lá para cá é que mudaram. "Naquela época, falei a verdade, totalmente a verdade, daquilo que eu pensava. Fui bastante sincero. O que houve de lá para cá foi uma mudança nas circunstâncias", afirmou.

O abandono do mandato no município foi justificado por ele em razão de que, enquanto permaneceu na Prefeitura de São Paulo, notou o quanto o Estado é importante para a municipalidade. Para ele, essa cooperação entre as duas partes é crucial para o bem-estar da população paulistana. "Eu percebi quando estava lá (Prefeitura de São Paulo) quão importante é o Estado para a Prefeitura. Segurança, saneamento, transporte de metrô e trens, tudo isso é exclusivo do Estado. Sem falar de metade da educação metade da saúde e mais do que a metade da habitação", lembrou. "Nesse sentido, o trabalho do Estado é crucial para a Prefeitura de São Paulo. Quando eu entrei, tinha um convênio entre Estado e prefeitura. Quando eu saí, já havia mais de 30 contratos.

O candidato tucano considerou que, com base nessas constatações, poderia ajudar muito mais a população tendo um prefeito parceiro como seu sucessor, como Gilberto Kassab (PFL). Serra foi enfático ao dizer que, do ponto de vista pessoal, poderia estar "curtindo" a melhor avaliação que um prefeito de São Paulo já teve.

Indagado sobre a má avaliação do paulistano em relação ao transporte coletivo durante sua gestão, Serra se defendeu e falou que houve um grande avanço. Como prova, lembrou que cumpriu a promessa de implementar o bilhete único integrado metrô e ônibus. "Eu prometi colocar as ruas mais em ordem. Nós fizemos mais pavimentações e recapeamentos em um ano e meio do que as prefeituras anteriores em quatro anos. Mais do que isso, 90% da minha equipe continua trabalhando lá e vai ficar lá até o fim do mandato.

Sobre a onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, que surgiu durante a administração do PSDB no Estado, o ex-prefeito acha que houve avanços na medida em que a polícia passou a prender mais. Na sua opinião, o que acontece mesmo é que quando se resolve um problema aparece outro. "Primeiro, a polícia passou a prender mais. Basta dizer que São Paulo tem 25% da população do Brasil e 40% dos presos. Quando o Covas entrou no governo, a população carcerária era de 40 ou 50 mil presos. Hoje, tem perto de 150 mil", avaliou. "Nos últimos anos, a taxa de homicídios caiu pela metade, houve compra de equipamentos e um esforço enorme. Novos problemas apareceram. Quando você resolve uma coisa aparece outra.

O tucano entende que a superpopulação carcerária e o desenvolvimento do crime organizado nas prisões são os problemas a serem enfrentados com muita determinação. Ele assegurou que não lhe faltará disposição para tal. "Eu já enfrentei multinacionais, já enfrentei países na questão dos remédios, já enfrentei laboratórios para implantar os genéricos, já enfrentei a indústria do cigarro. Posso garantir uma coisa: vou enfrentar o crime organizado com toda a disposição, com toda a minha experiência e a minha capacidade", prometeu.

José Serra recusou-se a comentar se manteria ou não Saulo de Castro Abreu Filho à frente da Secretaria Estadual de Segurança Pública se for eleito. Declarou que só falará sobre sua equipe futuramente, pois está disputando a eleição para ganhar. "Qual vai ser a minha equipe eu vou ver depois. Vai ser uma nova equipe em todas as áreas. Mas isso eu só vou fazer depois de ganhar, pois dá azar ficar nomeando gente antes de vencer a eleição", argumentou.

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