A maioria das empresas brasileiras pretende acelerar o ritmo dos investimentos no ano que vem, apesar do desempenho medíocre do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2006. É o que revela uma pesquisa da Serasa, que ouviu 1.032 empresas de diferentes setores em todo o Brasil.

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Dos 52% que responderam já ter investido este ano, 63% planejam aumentar o volume de recursos destinados a ampliação, modernização e diversificação de seus negócios nos próximos 12 meses. E entre os 42% que disseram não ter realizado investimentos este ano, mais da metade (57%) tem projetos a ser implementados em 2007.

"É uma demonstração da confiança dos empresários de que o governo Lula vai correr atrás do crescimento", diz Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa. "A redução das taxas de juros, a maior oferta de crédito, a inadimplência estabilizada e o horizonte de maior faturamento levam a uma melhora do ambiente para os investimentos no País", acrescenta.

Os questionários foram respondidos entre 30 de outubro e 8 de novembro, quando o presidente Lula já estava eleito para o seu segundo mandato. As microempresas não foram incluídas na pesquisa.

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A perspectiva de ampliação dos investimentos é maior no Norte, com 70% dos entrevistados apostando nessa direção. A seguir, estão o Nordeste e o Sudeste, com 67% e 63%, pela ordem. No Sul, a proporção é de 60% e no Centro-Oeste, de 49%.

A preferência pelo Norte e Nordeste é estratégica. Nessas regiões, as vendas no varejo têm crescido muito mais do que no resto do País.

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Segundo levantamento feito pela consultoria MB Associados, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período de 12 meses terminado em setembro, o faturamento do comércio cresceu 16,8% no Norte e 14,2% no Nordeste, embalado pelo aumento de renda da população local, por causa da elevação do salário mínimo e dos recursos do programa Bolsa-Família.

No Sudeste, a taxa foi de 7,47%, enquanto no Centro-Oeste não passou de 3,58% e no Sul ficou em apenas 0,92%.

O Grupo Schincariol, por exemplo, vai investir R$ 135 milhões na construção de uma nova fábrica de cervejas na cidade de Horizonte, no Ceará. Quatro das oito cervejarias do grupo estão instaladas no Norte e Nordeste, e a quinta deverá ser inaugura até o fim de 2007.

"A demanda por nossos produtos reage muito mais lá do que no Sul e no Sudeste", explica José Domingos Francischinelli, diretor de Relações Institucionais do grupo. "O custo do frete é alto em qualquer lugar do País, mas no Norte e Nordeste é maior pelas condições precárias de suas estradas.

A nova fábrica deve abrir 160 empregos diretos e 900 indiretos. A capacidade total de produção da Schincariol será ampliada para 3,16 bilhões de litros de cerveja por ano, com acréscimo de 150 milhões de litros.

A pesquisa da Serasa mostra que o setor financeiro lidera as intenções de investir mais no próximo ano. Entre as instituições que fizeram investimentos este ano, 63% têm planos mais ousados para 2007. Nos serviços, a proporção é de 65% e no comércio, de 61%. A indústria ficou na lanterna, com 59%.

"A indústria espera uma melhor definição sobre o câmbio e o mercado interno para definir seus investimentos, que são bem mais elevados", explica o assessor econômico da Serasa.

Só a Votorantim Metais, que responde pelos negócios do grupo na área de aço, níquel e zinco, vai investir R$ 1,7 bilhão nos próximos três anos. Para 2007, estão definidos dois projetos orçados em R$ 738 milhões.

Desse total, R$ 558 milhões serão usados na construção de uma unidade para produção de ferro-níquel no município goiano de Niquelândia, onde a empresa já possui uma mina e uma unidade de beneficiamento do metal. O outro projeto, de R$ 180 milhões, prevê a implantação de uma caldeira de coque que permitirá a flexibilização da matriz energética da unidade já em operação.

Na Suzano Petroquímica, serão investidos R$ 200 milhões, quase o triplo do valor aplicado em 2006 (R$ 74 milhões). "Vamos ampliar em 44% a capacidade de produção de polipropileno, que hoje é de 625 mil toneladas por ano", diz o diretor-presidente, José Ricardo Roriz Coelho. Esse material é usado na fabricação de componentes de plástico para automóveis, eletroeletrônicos, têxteis e embalagens, entre outros.