Sentença de morte de Saddam divide o mundo árabe

A opinião pública árabe se viu dividida pela sentença de morte imposta ao ex-ditador iraquiano Saddam Hussein. Alguns analistas disseram que a mensagem por trás da decisão é de que o governo em Washington está determinado a seguir em sua missão no Iraque. "Se não houvesse veredicto, ou se o veredicto tivesse sido comutado, isso teria consolidado a sensação de fracasso dos Estados Unidos no Iraque", disse o jornalista saudita Dawood al-Shirian.

Nas ruas, as reações foram variadas. Alguns árabes acreditam que Saddam deveria ter a liberdade de governar seu país como lhe parecesse melhor. Eles apontam para a violência que tomou conta do Iraque desde a derrubada do ex-ditador pelos EUA, em abril de 2003.

"Se Saddam está condenado à morte, deveriam ser justos e condenar o senhor Bush à morte… e mandar Ehud Olmert (o primeiro-ministro de Israel) para a morte também, pelo que fez no Líbano. Se isso for justo, que morra Saddam", disse um joalheiro jordaniano, Ibrahim Hreish.

O jornalista libanês Satieh Noureddine declarou que Saddam merece morrer não só pelo massacre de xiitas na cidade de Dujail em 1982 – crime que levou à sentença de morte – mas também por "entregar o Iraque aos americanos… sem resistência".

O analista iraquiano Mustafa Alani, do Centro de Pesquisas do Golfo, baseado em Dubai, disse que a relevância de Saddam para o Iraque foi eclipsada pelo caos que engole o país. Ele diz que o atual governo está envolvido em crimes iguais aos que levaram à condenação do ex-ditador.

"As pessoas que o julgaram não são melhores do que ele", disse Alani. "Nos últimos três anos, elas foram responsáveis, direta ou indiretamente, por meio milhão de mortes. Há matança em massa corrupção e esquadrões da morte. Saddam é um criminoso, sem dúvida, mas os outros não são anjos", afirmou.

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