São Paulo – O mercado financeiro deu, ontem, os primeiros sinais concretos de confiança em uma transição de governo tranqüila. O dólar manteve trajetória de queda desde a abertura e fechou a R$ 3,71 na compra e na venda, com queda de 2,62%. Os títulos dívida externa dispararam e o risco-país caiu mais de 4%. Já a Bovespa encerrou o pregão viva-voz contabilizando alta de 4,87%, com o Índice Bovespa em 10.068 pontos. O volume financeiro fechou em R$ 666 milhões.
O destaque do dia foi o Banco Central, que completou 100% da rolagem de uma dívida cambial de US$ 1,96 bilhão que vence no dia 1.º. Além de renegociar a totalidade do débito, o BC ainda pagará taxas bem menores para remunerar os contratos de swap cambial vendidos ontem.
Segundo analistas, vários dos temores dos analistas em relação à condução da política econômica do país estão se dissipando, dando lugar à volta da confiança entre investidores nacionais e estrangeiros. A volta da boa aceitação de títulos do governo é um claro sinal dessa melhora na percepção. Mesmo assim, continuou no mercado a ansiedade dos investidores em torno dos nomes da equipe de transição do novo governo.
Com o resultado desta quarta-feira, o dólar neutralizou as altas de segunda e terça-feira, voltando a operar com queda no acumulado de outubro. Na mínima do dia, a cotação de venda bateu R$ 3,70 (-3,14%).
O otimismo começou pela manhã, quando os títulos da dívida externa já disparavam, indicando o fim da onda de realizações de lucros. O mercado repercutia positivamente os avanços do BC, que na véspera havia rolado 48,6% da dívida vincenda, embora ainda com taxas elevadas. Com a abertura em queda do dólar e das taxas de juros, a expectativa era de que o BC seria ainda mais bem sucedido na continuação da operação.
A expectativa se confirmou e o BC fez duas operações de venda de contratos de swap cambial. A autoridade monetária vendeu basicamente títulos de curtíssimo prazo (2 de dezembro), mas não divulgou as taxas. Com base no Preço Unitário (PU) dos contratos, os operadores calculam que no primeiro leilão, pela manhã, a taxa ficou em 37,99% ao ano, além da variação cambial. Na segunda oferta, onde o BC vendeu 4.100 contratos e atingiu a rolagem de 99,9% da dívida, a taxa ficou em 30% ao ano.
A queda das taxas é acentuada em relação ao leilão realizado anteontem, no qual o BC havia renovado 48,6% da dívida. No leilão de terça-feira, o BC aceitou pagar taxa anual de 48,28% pelos papéis de curto prazo, de acordo com os cálculos sobre o PU dos papéis.
Risco-Brasil
O principal indicador da confiança dos investidores externos na economia brasileira continua apresentando melhora. Ontem, no final da tarde, o Embi+ Brasil, do banco JP Morgan, estava em queda de 5,48% a 1.795 pontos. Anteontem, o índice de risco-país havia encerrado aos 1.899 pontos. O principal título da dívida brasileira no exterior, o C-Bond, operava com alta, de 4,36%, cotado a 57,13% de seu valor de face.