Senhores da razão

Eles merecem todo o nosso respeito. Todos somos descendentes deles, quando não de sangue pelo menos morais, pois já estavam no Brasil antes mesmo de o País ser descoberto. Mas, de alguns anos para cá, algumas tribos indígenas, usando de prerrogativas questionáveis, simplesmente decidiram ser acima das leis e resolver com base na ameaça e na força o que eles julgam estar errado.

Aconteceu semana passada, durante um encontro que discutia a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Um engenheiro da Eletrobrás foi agredido covardemente por integrantes da tribo Kayapó, e todos juram que não foi nada demais. Aconteceu nesta terça, com a invasão da sede da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), em Curitiba, situação que só se resolveu ontem.

Os índios têm razão em suas reivindicações no caso curitibano. Eles não podem ficar sem atendimento médico porque há problemas no repasse de verbas do governo federal para a empresa responsável. Não há transporte, remédios, médicos. São R$ 826 mil, dinheiro que não poderia ser ?problema? para o governo. Denunciar a situação para o Ministério Público foi uma atitude sensata.

Mas não é por isso que se pode invadir um prédio público, trancar as portas e impedir que as pessoas saiam; em resumo, fazer dos servidores, reféns. E não se negocia simplesmente dizendo que ?ninguém sai enquanto não tivermos uma resposta?, como afirmou certo chefe indígena. Imagine se cada pessoa que encare filas homéricas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) resolva prender usuários e funcionários públicos na sede do instituto em Curitiba. Quantas situações semelhantes aconteceriam?

Algumas nações indígenas querem apenas o bom da ?vida urbana?. Querem as vantagens, os benefícios. Quando algo foge ao controle, que se declare guerra, que se pinte o rosto e que sofra o resto da sociedade. Agindo assim, a causa silvícola perde força e apoio do público que normalmente apóia suas iniciativas. Estes parecem não entender (ou não querem entender) que são cidadãos como todos nós, e que também têm direitos e deveres previstos pela Constituição, e que não se resolve nada com facões, tacapes, invasões e seqüestros.

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