Pelo segundo dia consecutivo, a sessão de hoje no Senado Federal foi dedicada ao debate sobre a nacionalização das reservas de petróleo e gás pelo presidente da Bolívia, Evo Morales.
Amanhã, a Comissão de Relações Exteriores deve votar os requerimentos para a realização de uma audiência pública com os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, das Minas e Energia, Silas Rondeau, e com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli.
O presidente da comissão, senador Roberto Saturnino Braga (PT-RJ), disse que a intenção é realizar, possivelmente na semana que vem, uma audiência conjunta com as comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Infraestrutura. A CAE já aprovou os requerimentos de convite aos ministros e ao presidente da Petrobras para que expliquem as conseqüências da decisão do governo boliviano.
Em discurso no plenário, Saturnino defendeu a decisão de Morales, e disse ter estranhado a reação de setores "representantes do neoliberalismo" de tentar transformar a questão em uma crise internacional que inviabilize a integração política, econômica e física da América do Sul.
"A eleição de Evo Morales foi um plebiscito pela nacionalização dos hidrocarbonetos. O povo boliviano sabe o que está fazendo, e não somos nós, brasileiros, que vamos considerar essa decisão uma traição ao Brasil", afirmou, acrescentando que a Bolívia tem "todas as condições" de, a longo prazo, ressarcir a Petrobras pelos investimentos já feitos no país.
O senador Tião Viana (PT-AC) disse que reconhece o direito da Bolívia de buscar sua autonomia, bem como o da Petrobrás de reivindicar a reposição de eventuais prejuízos causados pela estatização das refinarias.
Senadores do PFL, por sua vez, questionaram a forma como o governo brasileiro tem conduzido as negociações. O líder pefelista, José Agripino Maia (RN), criticou o fato de as conversas entre os dois países estarem sob a condução do Assessor Especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, e não do Itamaraty.
"Estamos prisioneiros de uma armadilha ideológica. A crise do gás, que é muito séria, quem está tratando não é o Itamaraty, é o sr. Marco Aurélio Garcia, com ditames de ordem ideológica", afirmou.
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