Os senadores Jefferson Peres (PDT-AM) e Antero Paes de Barros (PSDB-AM) apresentaram hoje à Mesa Diretora do Senado requerimentos para a convocação do ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República, José Dirceu. A convocação pretende esclarecer no plenário as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva feitas na tarde de ontem. "Já que pela Constituição Federal o Senado não pode convocar o presidente da República, eu creio que é oportuno chamar o ministro que lhe é mais próximo que é o chefe da Casa Civil", justificou Peres.
Já o requerimento do senador tucano tem o objetivo de esclarecer declarações atribuídas a José Dirceu de que a insistência do PSDB em processar o presidente Lula poderia fazer com que "o feitiço virasse contra o feiticeiro". A declaração teria sido dada por Dirceu, na Argentina, segundo o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto, que leu da tribuna reportagens de agências de notícias. O senador Jefferson Peres qualificou as declarações feitas pelo presidente, no Espírito Santo, de "estarrecedoras" e "irresponsáveis". "Nunca vi um Presidente da República fazer uma declaração tão irresponsável. O fato é tão grave que não deve ficar confinado a uma confissão" disse o pedetista ao defender o comparecimento de José Dirceu em plenário.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), foi o primeiro a levantar o assunto na sessão não deliberativa do Senado. Ele apresentou à Mesa um requerimento com voto de censura da Casa ao presidente pelas suas declarações. Caberá a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), julgar o requerimento do líder tucano. Já o líder do PFL, senador José Agripino Maia (RN), pediu ao Ministério Público que entre no caso.
"O Ministério Público tem que defender o interesse da sociedade. O presidente disse que houve corrupção referindo-se a comunicação de um ex-auxiliar que, agora, disse que não houve corrupção e que o presidente exagerou um pouco. Com quem está a razão? Houve corrupção, prevaricação ou não houve nada? A palavra está com o Ministério Público", afirmou Agripino Maia.