Senadora Ideli diz que Dantas deveria estar preso

Ao sair do sessão conjunta das comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMI) dos Correios e da Compra de Votos, que escuta o depoimento do empresário Daniel Dantas, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que o banqueiro deveria ser preso. O dono do Opportunity continua no Congresso depondo na sessão conjunta das CPIs.

"Temos que quebrar o sigilo do Opportunity e ter acesso ao disco rígido apreendido na operação Kroll, da Polícia Federal. Dantas é um dos maiores corruptores do país e já deveria estar preso. Ele diz que buscou o governo para que não influísse nos negócios dele. Ele estava mal acostumado, porque o governo passado operava em seu favor", disse.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) integrante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, disse ao sair da sala onde ocorre o depoimento que "Daniel Dantas está manipulando as informações, mas mesmo quando não diz (nada), se compromete da mesma forma".

O banqueiro tem um habeas corpus que lhe dá o direito de não responder a perguntas que o incriminem. Dias disse também que "a empresa de auditoria independente que seria contratada pela CPI poderá comprovar que a origem dos recursos do Marcos Valério são as empresas de Daniel Dantas". O empresário Marcos Valério é acusado de ser um dos operadores do pagamento de mesadas a parlamentares, o chamado "mensalão", para que votassem a favor do governo.

A Polícia Federal indiciou em abril o presidente do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, pelos crimes de corrupção ativa, formação de quadrilha e espionagem ilegal. O banqueiro é acusado de ter mandado contratar a maior empresa de investigação do mundo, a norte-americana Kroll Associates, para espionar a Telecom Itália e obter informações que favorecessem o Opportunity na disputa pelo controle da Brasil Telecom ? operadora da telefonia fixa nos estados do centro-sul do país.

A presidente da Brasil Telecom, Carla Cicco, que também faria parte do esquema, foi indiciada pelos mesmos crimes na mesma época. A Polícia Federal começou as investigações em 2004 e, após o indiciamento do banqueiro, encaminhou o inquérito ao Ministério Público de São Paulo.

De acordo com um relatório da PF, a Kroll teria violado o sigilo de integrantes do governo do presidente Lula, por meio de grampos telefônicos, como do então presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, e do atual chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Gushiken, além de violar o sigilo de empresários italianos.

Em depoimento à CPI dos Correios na semana passada, Gushiken afirmou que a espionagem da Kroll faz parte de uma disputa que envolve R$ 17 bilhões entre os bancos Oportunity e o Citybank pelo controle acionário da Brasil Telecom. "A maior disputa da história do capitalismo brasileiro", disse.

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