Brasília – O senador Paulo Octávio (PFL-DF), relator do processo por quebra de decoro contra a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), disse que os depoimentos de Paulo Roberto e Ivo Spínola no Conselho de Ética do Senado, que ocorreram às portas fechadas, foram ?bastante contraditórios?, mas poderão ajudar nas investigações. Ambos são suspeitos de envolvimento com o esquema de fraudes para a compra superfaturada de ambulâncias.
Paulo Roberto, segundo as investigações, teria recebido dinheiro do esquema em nome da parlamentar; e Spínola seria o intermediador do esquema entre a Planam e o genro da senadora. A empresa Planam é acusada de comandar o esquema de venda irregular de ambulâncias a preços superfaturados com utilização de emendas parlamentares ao Orçamento da União.
?Durante o depoimento, fizemos uma acareação entre os dois. As contradições são diversas. Elas se referem, por exemplo, à quantia do dinheiro entregue a Paulo Roberto e ao número de encontros?, disse Paulo Octávio. Segundo acusações, o genro de Serys Slhessarenko teria recebido da família Vedoin duas quantias de dinheiro em troca da apresentação de emenda parlamentar ao orçamento para compras de ambulâncias superfaturadas. Uma quantia seria de R$ 35 mil, em espécie, e a outra, de R$ 37.200, em cheque.
Conforme relatou o senador pefelista, Paulo Roberto confirmou em depoimento que recebeu R$ 37.200 em cheque, mas que este valor seria referente a um pagamento de venda de materiais hospitalares, e não referente à pagamento de propina. Com relação aos R$ 35 mil reais, no entanto, ele (Paulo Roberto) nega ter recebido este valor. ?Paulo Roberto diz que nunca recebeu os 35 mil reais e Ivo declara que viu a entrega de recursos ao senhor Paulo Roberto, mas não precisou a quantia?, disse Paulo Octávio.
Com a intenção de pôr fim a essas contradições, o Conselho de Ética marcou para a próxima terça feira uma mega acareação entre Paulo Roberto e Ivo Spínola e os empresários da Planan, Darci Vedoin e seu filho Luiz Antônio Trevisan Vedoin.
O senador Demóstenes Torres, relator do processo contra o senador Magno Malta, que também assistiu aos depoimentos, disse que esta acareação será fundamental para desfazer as contradições. ?Precisamos saber de que lado essas mentiras estão aparecendo. São muitas as contradições: se foi cheque ou dinheiro, se de fato aconteceram essas duas operações e o casamento disso. O mais estranho é que a emenda apresentada pela senadora teria sido no valor de R$ 700 mil. Então, os valores R$ 35 mil em espécie e R$ 37.200 em cheque batem com a beirada, que, segundo revelou Vedoin, seria em torno de 10% do valor da emenda?, finalizou Demóstenes.