Uso abusivo de agrotóxicos, transgênicos e desmatamento. Estes serão alguns dos pontos que vão ser debatidos durante o Seminário ?Conservação de Solos e Água no Paraná?, que será realizado, nesta quinta-feira, em Pato Branco, no sudoeste do Estado.

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O vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, destacou a parceria entre o Governo do Estado, empresas públicas e privadas, universidades, prefeituras, conselhos municipais e associações de classe na realização dos seminários que acontecem, no Paraná, desde o início de agosto.

?O evento de Pato Branco é o oitavo de uma série de doze seminários que estamos promovendo no Estado. O envolvimento de representantes dos setores público e privado, a participação de produtores rurais, lideranças e profissionais do setor agropecuário demonstram o quanto todos estão preocupados e envolvidos com questões relacionadas ao manejo conservacionista no Paraná?, comentou.

A promotora de Justiça, Symara Motter, lembrou que há problemas, na região de Pato Branco, que precisam ser discutidos pela comunidade. Segundo ela, muitos deles estão relacionados aos transgênicos e ao uso de agrotóxicos. ?O que queremos é explicar para os agricultores, de forma clara, o porquê da proibição, por exemplo, do plantio de transgênicos sem a devida autorização?, disse.

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Para Motter, é grave a situação do desmatamento. Ela lembrou que muitos agricultores desmatam áreas que seriam reservadas para matas ciliares. ?Isso ocorre, muitas vezes, pela falta de informação e de consciência. Em palestra, eu vou colocar o que pode acontecer com a pessoa que cometer esse tipo de infração?, afirmou.

Segundo a promotora de Justiça, quando há alguma irregularidade, o agricultor responsável pelo ato infrator é obrigado a repor a área desmatada ou corrigir sua infração através da prática de algum trabalho comunitário. ?A partir do momento que ele comete o mesmo erro, pela segunda vez, nós aplicamos a punição penal?, argumentou.

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No seminário de Pato Branco, também será debatido o destino das embalagens de agrotóxicos, usados pelos produtores. Segundo Motter, alguns agricultores, que utilizam os produtos, não dão um destino correto às embalagens. ?Mas, isso vem diminuindo. O papel do Ministério Público é trabalhar sempre com o princípio da precaução. Por tanto, dizemos que os danos ambientais são, às vezes, de difícil recuperação?, disse.

Outra preocupação dos profissionais que atuam em defesa do meio ambiente é o uso de agrotóxicos proibidos. Para o gestor ambiental da Sanepar, Leônidas Ruaro Albuquerque, essa prática não é uma conseqüência da falta de informação. ?Os agricultores sabem que usar agrotóxicos proibidos pode causar danos ao meio ambiente e também ao ser humano. Mas a ganância é muito maior?, reclamou.

Segundo Albuquerque, foi feito o recolhimento de amostras de água na bacia que abastece a região de Pato Branco. ?Descobrimos que, numa das três micro-bacias, existem resíduos de BHC, Audrin e Etcloro, três agrotóxicos proibidos pela ONU?, lembrou. Ele ainda disse que, em todas as micro-bacias, foram encontrados resíduos de Rondap Read, proibido no Brasil.

O gestor ambiental também comentou que agricultores da região drenam áreas de banhado para aumentar a região de plantio. ?Isso vai ocasionar a falta de água em pouco tempo. Acredito que, se continuar assim, em 10 ou 15 anos, nossa região não vai ter mais água para o consumo humano, nem para o uso na agricultura?, disse.

Quanto ao desmatamento de áreas com mata ciliar, a Sanepar tomou uma providência radical. ?Nós estamos cercando essas áreas com arame farpado. Uma parte do Rio Pato Branco já está cercada. Nossa meta, a médio prazo, é cercar todas as áreas de mata ciliar da região. Só assim, vamos estar protegendo os rios e evitando o assoreamento. Queremos que, em cinco ou oito anos, todos os nossos rios estejam cercados e suas matas ciliares preservadas?, afirmou.

Programados para acontecer até o final de setembro, os Seminários ?Conservação de Solos e Água no Paraná? são promovidos pela Secretaria da Agricultura, do Meio Ambiente, empresas públicas e privadas, universidades, prefeituras, conselhos municipais e associações de classe.