Foi aberto na noite de quarta-feira (08) o I Seminário Nacional do GEM ? Política e Programas para Empreendedores no Brasil, promovido pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), através da Universidade da Indústria (Unindus), em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e o Sebrae Nacional. ?Este evento é inédito por mostrar pela primeira vez um estudo consolidado do GEM durante cinco anos de participação do Brasil que serviu de plataforma para conhecimento do quão fascinante é o empreendedorismo no País?, afirmou Marcos Mueller Schlemm, diretor na Unindus e consultor sênior do GEM Brasil.
De acordo com o diretor superintendente do IBQP, Carlos Artur Krüger Passos, a pesquisa do GEM mostra que o povo brasileiro pode criar condições de desenvolvimento, o que se traduz na capacidade empreendedora. ?Para o IBQP é importante demonstrar onde estão as dificuldades empreendedoras, pois é nesse nicho que devemos atuar?, disse Passo. ?Nesse sentido, o seminário vai nos auxiliar, delineando onde estão os pontos de dificuldade. Nosso objetivo é mostrar como o povo brasileiro pode viabilizar o seu negócio, tornando-se cada vez mais capaz de gerar renda, empregos e realização pessoal?, afirmou.
A palestra magna foi ministrada pelo professor José Alberto Sampaio Aranha, diretor do Instituto Gênesis da PUC/RJ. Ele discorreu sobre o futuro do empreendedorismo no Brasil e as dificuldades e soluções possíveis para facilitar a abertura de novos negócios. Aranha abordou, também, a pesquisa do GEM Brasil, principalmente nos aspectos do empreendedorismo por necessidade, que motiva 52,2% da abertura dos novos negócios, contra 47,8% dos novos empreendimentos motivados por oportunidade.
Segundo Sampaio Aranha, o potencial empreendedor do povo brasileiro não pode ser ignorado, justamente por esses números. ?Não podemos dizer que o empreendedorismo por necessidade seja ruim, já que no Brasil isso é uma motivação que dá resultados. Temos que aprender como usar esta necessidade para o lado positivo?, afirmou.
O empreendedor por necessidade, disse ele, não atrai investidores. Uma das saídas que apontou é o envolvimento de grandes empresas através de ações de empreendedorismo social. ?Se as empresas grandes ajudarem, os pequenos negócios podem se tornar fornecedores e, assim, ampliar e catalisar e cadeia produtiva.?
Mais chances
Por outro lado, os empreendimentos por oportunidade têm mais chances de sucesso. ?Esse tipo de negócio normalmente envolve pessoas com educação superior, emprega alta tecnologia e investe em inovação, o que atrai os investidores de risco?, disse o palestrante. Segundo ele, porém, para as duas condições são necessárias políticas públicas que auxiliem o novo empreendedor a competir no mercado nacional e internacional.
Sampaio Aranha aponta cinco fatores essenciais para se obter sucesso nos dois tipos de empreendedorismo, seja por oportunidade ou por necessidade: amor ao que faz; experiência e estratégia; inovação (criar, modificar, quebrar paradigmas); oportunidade; união (equipe, parcerias, aliança).
?Um item está ligado ao outro. Não adianta, por exemplo, descobrir um produto fantástico e inovador se não há mercado para este produto?, avalia. O professor aponta algumas ações que podem ajudar o empreendedor de baixa renda, mas com alta motivação, a iniciar o seu negócio de maneira sustentável.
Uma delas é a educação que, segundo ele, consiste encontrar nichos para as habilidades naturais que, se despertadas e trabalhadas, podem trazer resultados no curto prazo.
Outros caminhos indicados por Aranha são as oficinas de trabalho que sistematizam o potencial empreendedor de uma determinada comunidade; a inovação através da tecnologia social feita em parceria com a academia; os investimentos em empreendedorismo social; novas e eficazes políticas públicas e maior interação da sociedade e empresários. ?O empreendedorismo do futuro é o empreendedorismo solidário através de uma economia com atividades auto-sustentáveis?, conclui.
O seminário do GEM prosseguiu durante toda a quarta-feira, com apresentação de cases de empreendimentos de sucesso, além de um painel com temas como a insuficiência e limitações das políticas e programas de apoio financeiro para o empreendedorismo; dificuldades formais aos novos empreendedores para instalação e desenvolvimento de negócios; falta de programas adequados de educação, capacitação e transferência de tecnologia para a atividade empreendedora; deficiências de infra-estrutura para o desenvolvimento de atividades empreendedoras; escassez de apoio técnico-profissional ao empreendedor; e barreiras para novos negócios impostas pelo mercado.