As mudanças na conjuntura de produção de fumo no Brasil, a partir da adesão do País à convenção quadro e o problema dos baixos preços pagos aos fumicultores brasileiros pelas multinacionais que industrializam o tabaco, estará no centro das discussões do seminário promovido pela Fetraf-Sul que vai reunir produtores, cooperativas, organizações não governamentais brasileiras e estrangeiras, associações, representantes da Organização Mundial da Saúde e o governo federal nos dias 6 e 7 julho, no Salão Paroquial de São Mateus do Sul/PR.
O II Seminário do Fumo pretende discutir além da convenção quadro para o controle do tabaco, o plano de diversificação das áreas cultivadas com fumo, mostrar experiências consolidadas de diversificação produtiva e debater sobre o mercado mundial e as estratégias das multinacionais do fumo. Enquanto que no mercado mundial está acontecendo uma redução na produção de fumo, no Brasil as indústrias vem incentivando a produção. Apesar de produzir fumo de qualidade, o agricultor brasileiro é um dos mais mal remunerados pelo trabalho. Segundo dados do Sindifumo de São Paulo, no Brasil, a indústria vem pagando R$ 45,00 pela arroba, contra R$ 203,25 pagos nos Estados Unidos, R$ 338,70 na Europa e R$ 609,60 no Japão. Os baixos preços têm gerado crise nas economias regionais, estagnam o comércio e levam os fumicultores ao endividamento.
O excessivo numero de classes em que a indústria pode enquadrar o produto é uma das causas da queda nos preços pagos aos agricultores familiares, ameaçando a sobrevivência de 200 mil famílias no País. ?É urgente que o Ministério da Agricultura reedite a portaria que estabelece as classificações que devem ser usadas pela indústria?, afirma o coordenador da Fetraf-Sul Altemir Tortelli. A Fetraf- Sul defende a existência de 16 classes; a Afubra quer 32 e a indústria, o aumento das atuais 48 para 60 classes.
Outro fator está relacionado com a indisponibilidade dos créditos de ICMS, decretada pelo governo Rigotto, no RS e que produziu reflexos em todo o sul do País. ?Usando este pretexto, as fumageiras pagam menos pelo fumo e assim acumulam em 2 anos mais de R$ 1,28 bilhões?, denuncia Tortelli.