São Paulo – O retorno à família e à comunidade de crianças e adolescentes que vivem em abrigos é o tema central de um seminário promovido pela Fundação Projeto Travessia. O evento começou hoje (14) e termina amanhã, com o debate entre especialistas e autoridades sobre propostas para a reintegração desses jovens à sociedade.

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?O principal objetivo é lançar uma nova proposta na cidade de São Paulo para o ?desabrigamento? de crianças e adolescentes que estejam abrigados há um período longo, algo crônico na cidade?, explica Clóvis Tadeu Dias, coordenador do Projeto Minha Casa, Meu Lugar, da Fundação Projeto Travessia.

De acordo com Dias, o projeto nasceu após a divulgação, em 2005, de uma pesquisa produzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que contou com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e a promoção da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

A intenção do levantamento era mostrar a situação de abrigos para crianças e adolescentes beneficiados com o repasse de R$ 35 da Rede de Serviço de Ação Continuada, do MDS.

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O Ipea pesquisou 626 abrigos em todo país, que atendem a cerca de 20 mil crianças e adolescentes. Conforme o relatório, a maioria dos jovens é do sexo masculino (58,5%), afrodescendentes (63,6%) e com idade entre sete e 15 anos (61,3%). Mais de um terço dos abrigos (34,1%) encontra-se no estado de São Paulo.

Foi apurado também que 78,4% dessas instituições adotam o regime de permanência continuada, ou seja, as crianças e adolescentes moram e ficam no abrigo por tempo integral. A parcela mais significativa dos jovens (32,9%) está nas instituições entre dois e cinco anos.

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?É muito difícil que o jovem consiga se reestruturar se não houver um trabalho anterior?, afirma Dias. Para ele, é fundamental a existência de um trabalho de base com os jovens, fundamentados na família.

Ele diz ser preocupante a apuração do Ipea, segundo a qual, apenas 5,2% das crianças e jovens desabrigados são órfãos e a principal causa do desabrigo é a pobreza (24,2%), seguida por abandono (18,9%), violência doméstica (11,7%) e pais dependentes de drogas e álcool (11,4%).

Na avaliação dele, a ausência de políticas públicas agrava esse quadro. ?Tem que existir políticas que resolvam esse problema, para que os abrigos deixem de existir ou que eles continuem a existir somente para quem precisa?.