Os brasileiros que participam do Seminário sobre Segurança Alimentar e Nutricional e de Alimentação Escolar – que encerra nesta quinta-feira (01), em Barracão, na fronteira do Brasil com Argentina, aproveitaram a mudança na programação, dada a ausência dos argentinos, para a formação de três grupos de estudos. A alteração possibilitou maior trocas entre os participantes e encaminhamento de medidas práticas para garantir programas em benefício à população escolar e grupos sociais em situação de insegurança alimentar na região de fronteira.
Para o coordenador do evento e de Ações Internacionais de Combate a Fome, Milton Randó, o espaço aberto na programação possibilitou aprofundar discussões de projetos como hortas comunitárias, curso para merendeiras, ensino bilíngüe e a retomada do esporte como forma de promover a integração nestas regiões fronteiriças. Em seguida, foram formados três grupos de estudos sob a coordenação dos Ministérios da Educação/Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional (Mec-FNDE)do Mec- FNDE e Desenvolvimento Social (MDS), para aprofundar as trocas e esclarecer dúvidas. Um outro discutiu a implantação de meios de comunicação que promovam a cidadania e integração em escolas de cidade em região de fronteira.
Os assessores dos ministérios tiraram dúvidas relativas ao programa de alimentação escolar, ajudaram prefeituras e associações a encaminharem projetos, como o Fábrica na Escola e o Projeto Piloto Bilíngüe e outros de interesse dos participantes.
Panorama
Dados do senso (2003 e 2004) apresentados na tese de mestrado da nutricionista do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Paraná (Fundepar), Márcia Stolarski, mostram que o fornecimento da alimentação nos 200 dias letivos tem maiores índices no Paraná, Distrito Federal e São Paulo. Estados que atendem respectivamente 89%, 94% e 95%, contra 50% da média nacional. Outro comparativo é em relação ao custo da refeição/aluno. O melhor preço é conseguido pelo Mato Grosso do Sul, de 0,15 centavos/aluno, seguido pelo Paraná, com 0,18/aluno.
Os melhores preços obtidos pelo Paraná se dão pela compra centralizada em pregão eletrônico para os gêneros não perecíveis. Sistema que dá mais transparência ao processo, diz a nutricionista do Fundepar. Para a formação do preço, o Instituto trabalha em parceria com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Social (Ipardes) usando uma metodologia científica que garante um desconto médio de 18% na compra em escala.
No Paraná, os itens passam por rígido controle de qualidade feito em convênio com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) que garantem os conteúdos previstos no edital de licitação e a ausência de transgênicos. A merenda escolar ainda é enriquecida por gêneros in natura orgânica, vinda da agricultura familiar. Esse sistema de produção mereceu destaque no Seminário. Segundo Milton Randó,.essa agricultura representa 40 % da produção brasileira e 50% da paranaense.