Depois do recesso do Sete de Setembro, o Congresso volta fervendo à atividade, prometendo grandes emoções para a semana que começou com a entrevista coletiva do presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti, tentando desqualificar a denúncia de que teria recebido propina para quebrar o galho de um empresário inadimplente com a própria Casa.
A situação tende a se agravar em função da recusa de vários partidos em aceitar que Severino presida as sessões, sob o compreensível argumento da ausência de condições morais da parte do deputado investido dessa autoridade. A renitência de Severino em continuar no cargo poderá descambar em inusitada greve de plenário, com o não-comparecimento das bancadas que, no momento, trabalham pelo afastamento daquele que ungiram em fevereiro.
Enquanto o Senado bate-se para levar a efeito a votação de 14 projetos que atravancam a ordem do dia, as CPIs prenunciam nova rodada intensa e repleta de lances esclarecedores, se não prevalecer a surrada estratégia do não estou nem aí. O ex-presidente do PT, José Genoino, será ouvido hoje pela CPMI do Mensalão, e a CPI dos Bingos quer trazer à oitiva o ministro Antônio Palocci.
Genoino será instado a dar esclarecimentos até agora sonegados pela cúpula do partido sobre a natureza dos empréstimos obtidos do Banco Rural. Na época, ele presidia o diretório nacional e sua assinatura aparece nos respectivos contratos. Ninguém melhor para revelar os pormenores das operações e pôr um ponto final no triste emaranhado que entrava o funcionamento do Congresso Nacional.
Palocci, por sua vez, também poderá fazer à CPI dos Bingos um depoimento crucial e de extrema validade para a iluminação da conjuntura de acusações e desmentidos, dada a proximidade que manteve com Rogério Tadeu Buratti na Prefeitura de Ribeirão Preto.
A palavra do ministro é indispensável, pois seu acusador passou a ter envolvimento com operadores da jogatina eletrônica, assim como ocorreu com o funcionário da Casa Civil Waldomiro Diniz, no período em que o deputado José Dirceu chefiava a referida instância de governo.
Muito tempo se passou e muita coisa feia foi devidamente apurada. Falta, porém, a declaração completa e incisiva. Talvez venha agora com os depoimentos de Genoino e Palocci, homens que têm responsabilidade perante a nação de dizer o que sabem. Se assim não for, resta o suspense da defesa de Roberto Jefferson, cujo processo de cassação desembarca amanhã no plenário da Câmara prometendo abalar montanhas.