Sem-terra saqueiam mais um caminhão no PR

Sem-terra que estão acampados há cerca de dois anos às margens da PR-482, entre
os municípios de Nova Olímpia e Tapira, a cerca de 570 quilômetros de Curitiba,
no noroeste do Paraná, saquearam um caminhão de alimentos hoje pela manhã. Na
semana passada eles haviam saqueado outros dois caminhões, alegando que o
governo federal está atrasando a entrega de cestas básicas.

Hoje pegaram
arroz, farinha de trigo, achocolatados e vários enlatados. No saque anterior
tinham conseguido bolachas e óleo comestível. A polícia tenta identificar os
líderes do acampamento para responsabilizá-los.

De acordo com a Polícia
Militar, os acampados fizeram três lombadas com terra na rodovia, forçando os
carros a diminuírem a velocidade. Quando se trata de caminhões carregados com
alimentos, eles estariam colocando crianças na estrada para evitar qualquer
reação dos motoristas. Ainda segundo a PM, os acampados não fazem ameaça verbal
aos motoristas, mas ficam a postos com foices, facões, enxadas e pedras,
enquanto o carro é esvaziado.

O grupo, com 67 famílias, não está
vinculado a nenhum movimento de sem-terra, mas é representado nas negociações
com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pela Federação
dos Trabalhadores Rurais do Paraná (Fetaep). No dia 15 de fevereiro, eles
tiveram uma reunião em Curitiba, quando foram apresentadas reivindicações, entre
elas a urgência de entrega das cestas e a vistoria e desapropriação de
propriedades rurais.

"Não sei como os outros acampamentos da região ainda
não estão saqueando", disse o secretário geral e diretor de Política Agrícola da
Fetaep, Mário Plesk. De acordo com ele, a última cesta recebida foi em novembro
de 2004. A promessa do Incra é que a próxima remessa será entregue na segunda
quinzena de abril. "Os trabalhadores ainda estavam conseguindo alguma coisa com
o trabalho de bóia-fria, mas com a estiagem até isso acabou" afirmou Plesk. "O
pessoal não agüenta mais."

O superintendente do Incra no Paraná, Celso
Lisboa de Lacerda, havia afirmado na sexta-feira que a função do órgão é apenas
distribuir as cestas básicas que vêm do governo federal por meio do programa
Fome Zero. "Mas o Incra é governo, que converse com os órgãos superiores",
intimou o secretário da Fetaep.

Apesar de a Fetaep não aprovar os saques,
Plesk disse que pode ser bom para que o Incra agilize tanto a entrega de cestas
quanto a desapropriação de áreas para o assentamento definitivo das famílias.
"Não dá para ficar esperando a boa vontade do Incra", acentuou. "Se fosse o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), eles já teriam agilizado.
Quando o Incra quer, ele pode."

A superintendência do órgão informou que
naquela região não foi atendido nem a Fetaep nem o MST, mas que estão sendo
feitas vistorias em cerca de 30 propriedades. O trabalho deve terminar no fim de
abril. O Incra informou ainda que em dezembro foram distribuídas 250 cestas
básicas na região.

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