Um grupo de 67 famílias de agricultores sem-terra, que está há cerca de dois anos acampado às margens da PR-480, entre Tapira e Nova Olímpia, a cerca de 580 quilômetros de Curitiba, no noroeste do Paraná, saqueou dois caminhões com alimentos na tarde de ontem.

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Os agricultores, que não têm uma liderança definida e nem pertencem a um grupo específico de sem-terra, alegam que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não lhes fornece cesta básica há cerca de três meses.

Os dois caminhões saqueados estavam fazendo entregas de compras para moradores da região. A maioria já tinha sido realizada quando os caminhões foram parados e retirados azeite, bolachas e material de limpeza. Os motoristas não sofreram agressão nem ameaças. Ninguém foi responsabilizado pelo ato, em razão de não haver uma liderança. A polícia reforçou a segurança para evitar que novos saques ocorram.

Algumas pessoas desse grupo estiveram há pouco tempo na sede do Incra em Curitiba, acompanhadas de diretores da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Paraná (Fetaep), para entregar uma pauta de reivindicações, da qual constava o pedido por cestas básicas e lonas.

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"Percebemos que estavam descontentes e que poderia haver algum problema", disse o superintendente do Incra no Estado, Celso Lisboa de Lacerda. Ele reconheceu que não está havendo uma periodicidade na entrega de cestas básicas, mas que esse não seria um problema unicamente do Paraná. "A última distribuição foi entre o fim de dezembro e começo de janeiro", disse. A próxima deve ser somente na segunda quinzena de abril.

"Está irregular porque não depende apenas do Incra, mas de recursos do Ministério do Desenvolvimento Social e da aquisição por parte da Conab", afirmou. Segundo ele, há períodos em que não se consegue fazer a aquisição em tempo hábil, enquanto em outros o produto não está dentro da exigência de qualidade da Conab e precisa ser devolvido ao fornecedor. O prefeito de Tapira, Hélio Belter (PTB), disse acreditar que o saque foi apenas uma forma de chamar a atenção. "Estive na véspera visitando o local e não percebi qualquer movimentação", afirmou. Segundo ele, o relacionamento com o grupo sempre foi bom. A prefeitura tem garantido saúde e educação e agora vai promover o recadastramento para o Bolsa-Família.

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