Após reunião com o Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sergio Amaral, voltou a afirmar que a Varig não receberá ajuda do governo caso não apresente uma proposta de reestruturação. ?O governo está pronto a apoiar, desde que a companhia apresente uma proposta que a torne viável?, disse o ministro.
?Sem uma proposta viável de reestruturação, o BNDES não pode apoiar a companhia, porque o governo não pode emprestar para empresa inadimplente com o próprio governo?, afirmou Amaral. ?O governo fez avaliações sobre todas as hipóteses e a única hipótese que faz sentido é a reestruturação?, disse.
Segundo o ministro, não está em discussão no governo a hipótese de intervenção na empresa. Se alguém falou em intervenção, explicou, deve ter feito em nome próprio, pois esta não é a posição do governo. ?No momento estamos empenhados em apoiar qualquer proposta que a Varig venha a apresentar?, afirmou.
Amaral lamentou mais uma fez que a Fundação Rubem Berta, controladora da Varig, tenha rejeitado a proposta de reestruturação e de entendimento com os credores, apresentada pela diretoria que se demitiu no início da semana.
De acordo com Amaral, em setembro, a diretoria da Varig assinou um acordo de entendimento com os credores, públicos e privados, que previa a devolução do dinheiro que já havia pago aos credores da companhia, num total de US$ 22 milhões.
O acordo estabelecia ainda a suspensão da cobrança das dívidas, no valor de US$ 43 milhões, até o dia 30 de novembro. Por último, o documento previa a entrada de dinheiro novo, cerca de US$ 37 milhões, para assegurar o fluxo de caixa. ?Com isso, as necessidades do fluxo de caixa da Varig seriam sanadas?, disse.
Além disso, informou o ministro, uma empresa ficou responsável pela elaboração de uma proposta de reestruturação da companhia, que mostrava que caso a Varig se reestruturasse, em 2004 já obteria lucros. ?Isso mostra que a Varig é viável?, ressaltou Sergio Amaral.
No entanto, a Fundação Rubem Berta, ?para surpresa do governo?, rejeitou o memorando e desautorizou a diretoria da Varig. Segundo Amaral, o resultado é que fica suspenso o entendimento entre os credores e a Varig. ?O governo espera que a Fundação faça uma avaliação, emita seu parecer e reavalie o entendimento com os credores?, disse.
O ministro disse ainda, que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está pronto a ajudar e participar do esforço de reestruturação da Varig, mas a empresa precisa se dispor. Mesmo com a rejeição do plano, ele informou que o BNDES ? que já vinha analisando a proposta de reestruturação – dará uma resposta à Varig, até o dia 30 deste mês.