Há um ditado popular que diz que ?ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão?. Talvez pesado demais para o caso presente, mas é natural que dele nos lembremos quando a direção nacional do PT, a nova e não a comprometida com todas as maracutaias que vêm sendo denunciadas, algumas com confissões e indícios veementes de autoria, decide que não vai punir o tesoureiro Delúbio Soares. Isso, apesar de ele ter dito em público que é o responsável pelo endividamento do partido, do caixa 2 de campanhas eleitorais e da dívida não contabilizada com o empresário e publicitário mineiro Marcos Valério. E adiantado que a direção do PT de então, defenestrada para que a atual ingressasse no comando do partido como verdadeira interventora, de tudo sabia. E sabiam também deputados, ministros. E o único que todos insistem em dizer estar alheio a tudo é o presidente Lula.
Ele, que batendo no peito e sem modéstia, já repetiu tantas vezes que ?nunca neste País? fizeram isto ou aquilo que ele faz. E dentre as façanhas prometidas está a punição, sem dó nem piedade, de todos os culpados pelas negociatas que vinham e talvez ainda venham acontecendo.
Acresce que a dinheirama toda que Delúbio manobrou e foi parar nas mãos de candidatos petistas, aliados e até nas mãos da mulher do então presidente da Câmara Federal João Paulo Cunha, a nova direção do partido nega-se a pagar. Diz que pagará somente o que estiver contabilizado, o que equivale a declarar que cometeram irregularidades, ilegalidades e agora calote, como se fosse uma façanha capaz de causar orgulho e valorizar a posição ética da agremiação. Posição ética que está abaixo de rabo de cavalo.
Isso tudo bastaria para enegrecer o quadro e impor punição pelo menos ao primeiro réu confesso. Mas recebe tanta indulgência do seu partido. Soma-se que já existem indícios veementes de que todas as operações financeiras legais e ilegais foram feitas com a garantia de contratos de prestação de serviços para o governo. Garantiram as negociatas com o dinheiro do povo.
Agora surge uma nova figura misteriosa, um tal Davi Rodrigues Alves, que teria sacado nada menos de R$ 5 milhões. Um terceiro PC Farias, talvez.
O político mineiro Benedito Valadares, em cujo nome se inspira a expressão popular ?será o Benedito??, que agora cabe tão bem, dizia que ?para os amigos tudo, para os inimigos o rigor da lei?.
É como se está comportando a nova direção petista, encimada pelo nome muito respeitado do ministro da Educação demissionário Tarso Genro. Ao invés de a todos os culpados punir, o que as forças situacionistas estão fazendo é empurrar a sujeira para debaixo do tapete. E, com discursos clamando por otimismo do povo, invocando sucessos pontuais na economia, tentam desviar as atenções da opinião pública. Se depois de tudo provado e todos os culpados punidos, Lula sair indene dessa crise, não há quem não veria com satisfação, ou pelo menos respeito, a continuação no poder de um trabalhador de tão brilhante carreira. Mas não será com a distribuição de perdões e mensalões que essa façanha será conseguida…