Sem nenhuma “bala de prata” os principais candidatos ao governo do Paraná e ao Senado mantêm agendas de corpo a corpo com o eleitor e depositam suas últimas fichas nos debates como estratégia para a última semana de campanha antes da votação de 2 de outubro. Quem tem candidato a presidente como “cabo eleitoral” também aposta no reforço deste vínculo na semana que o eleitor pode estar tomando sua decisão e montando sua “colinha” para levar à urna no próximo final de semana.
Na disputa para o governo, os adversários de Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) lutam para tentar levar a eleição para o segundo turno. A missão não é simples, já que o governador apareceu com 55% na última pesquisa Ipec/RPC, divulgada em 16 de setembro. A pesquisa, no entanto, foi divulgada antes do comício de Roberto Requião (PT) com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último sábado (17). A coordenação da campanha petista espera que o reforço do vínculo das candidaturas de Requião e Lula possa contribuir para a diminuição da diferença para o governador (Requião somava 28% na pesquisa Ipec já citada).
A campanha de Requião também deve manter o tom de críticas ao governo Ratinho Junior nos três últimos programas eleitorais até a data da votação e aposta no confronto direto entre os dois candidatos no debate da RPC, marcado para a noite de terça-feira (27).
No comitê de Ratinho Junior, a ordem é “contenção de riscos”. O governador está orientado a não entrar em polêmicas, pouco se expor e, até, a evitar a associação com o presidente Jair Bolsonaro (PL), já que a avaliação é que a campanha local está muito menos acirrada que a nacional. Além do debate de terça-feira (27), o governador ainda será sabatinado pela Gazeta do Povo na tarde de quarta-feira (28). Fora isso, a agenda de Ratinho se restringirá a “adesivaços” e carreatas.
Ao contrário de Ratinho Junior, o candidato do PL ao Senado, Paulo Martins, quer, precisa e abusará de expor sua relação com Bolsonaro. A campanha de Martins acredita que o eleitor começou a vincular as duas candidaturas e, por isso, o candidato, que estava em terceiro lugar, com 8%, no Ipec, mas apareceu com 12,3% na pesquisa do Instituto Radar divulgada em 23 de setembro, estaria em viés de crescimento.
Apesar do apoio oficial do presidente a Martins, Sergio Moro (União Brasil) também vem acenando ao eleitor bolsonarista, ou ao anti-Lula, focando seus programas, entrevistas e discursos em críticas ao PT e na repetição do “temos o mesmo inimigo”, que vem usando sempre que pode. A campanha de Moro ainda tenta empurrar Alvaro Dias (Podemos) para a esquerda, acreditando que a exposição de uma possível estratégia de “voto útil” da esquerda em Dias pode fazer com que os votos do editor de direita do atual senador migrem para ele. Moro mira em Alvaro Dias sem deixar de marcar Paulo Martins. O ex-juiz federal tem feito sua agenda coincidir (às vezes, até de surpresa) com a do governador Ratinho Junior, evitando que Martins tenha destaque, sozinho, em um grande evento com o governador.
Alvaro Dias, enquanto isso, adota a cautela. Recebe de bom grado os apoios silenciosos da esquerda e tenta fugir do conflito. O senador não tem respondido aos ataques de Moro e tenta evitar qualquer tipo de polêmica ou desgaste de ultima hora, colocando em dúvida, inclusive, sua presença em sabatinas e debates nesta última semana de campanha.
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