São Paulo (AE) – O casal de arquitetos Lua Nitsche e Vinícius Andrade não tem medo de expor sua intimidade. Tudo no loft de 200 metros quadrados, no centro de São Paulo, está ao alcance da visão a partir do living: os copos na cristaleira da sala, os mantimentos no despenseiro envidraçado da cozinha, as roupas no armário, a cama na suíte. Nem o quarto é separado da sala por portas, mas por blackouts prata – um tipo de plástico grosso e que veda praticamente 100% da luz – material que se repete em frente à parede envidraçada original no quarto, que ocupa a extensão lateral até a sala. Esses caixilhos de ferro foram recuperados e mantidos, deixando à vista o verde da praça em frente. ?A principal intervenção foi eliminar as divisórias para unificar as funções dos ambientes e ampliar a circulação?, explica Vinícius.  

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Realizada no final de 2003, a reforma durou quatro meses, consumindo cerca de R$ 70 mil. Reduziu de quatro para dois o número de quartos, preservando apenas o da entrada. O lavabo passou a ser também banheiro de hóspede, com pia do lado de fora e chuveiro e bacia no interior. O carpete verde escuro foi retirado, revelando o bem conservado assoalho de tacos de peroba-rosa (em peroba-mica), que foi raspado e ganhou aplicação de sinteco. Na cozinha, um tapete de pedra-são-tomé-branca em placas quadradas (de 37 cm x 37 cm) aparece onde antes existiam coloridas pastilhas de cerâmica. Elas puderam ser reaproveitadas na varanda da frente e da lateral.

Na copa, a mesa parece flutuar entre dois pilares de concreto aparente graças à viga metálica que, por ser fixa nas colunas, apóia duas placas de madeira, sobras da obra. Outras três colunas de sustentação estão na suíte e uma, na sala, onde havia um estreito corredor. ?Se o projeto original fosse de nossa autoria, as pilastras também poderiam ser derrubadas sem abalo na estrutura?, diz Vinícius. ?Pensamos sempre em espaços mutáveis, que podem sofrer reforma radical sem que o prédio vá abaixo?, completa Lua. Os azulejos brancos nas paredes da cozinha deram lugar a demãos de rosa-escuro, que compõe um cenário com o preto, presente na bancada em granito e no gabinete em madeira.

O branco tinge todas as paredes e confere unidade aos ambientes. Na sala, a nova instalação elétrica bordeja o teto e as laterais no mesmo tom. ?Evita quebradeira e tem a ver com o conceito aberto do apartamento?, realça Vinícius. A parte hidráulica, também refeita, substituiu os canos de ferro galvanizado por PVC e cobre. Na suíte, o guarda-roupa de frente para o banheiro é composto por estrutura metálica com rodízios, fechada nas laterais por placas de policarbonato e, na frente, cortina de tafetá verde-água.

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Embaixo, coloridos gaveteiros de plástico, também volantes, completam a peça flexível. ?Usamos rodízios nos móveis porque facilitam a limpeza e permitem mudar a decoração?, diz Lua. No quarto, as tais rodinhas aparecem na estante, em dois gaveteiros – verde e azul – e no baú em metal cinza.

Móveis

Outros destaques do mobiliário, na sala: a grande mesa de centro com estrutura em ferro e tampo oval de vidro jateado, a mesa de canto triangular em mármore rosa que tem roda de carro por base e o aparador em aglomerado envernizado, design da dupla. Nas paredes, um pedaço de madeira pintada de azul-cobalto (na diagonal) e um grafismo preto (na horizontal) completam a decoração que, segundo Lua, não foi planejada. Ela diz que, simplesmente, trouxe tudo o que tinha. ?E coube?.

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