Sem hipocrisia, Parreira assume favoritismo brasileiro

O Brasil voltou a viver, na Alemanha, rotina que lhe é tão comum em competições internacionais. Bastaram uma boa apresentação e a vitória sobre a Grécia na estréia para a equipe de Carlos Alberto Parreira ter consolidada sua condição de favorita ao título da Copa das Confederações. Elogios ao time, depois dos 3 a 0 de ontem, espalharam-se por jornais, e tiveram o reforço de dois personagens de peso, e ambos alemães: Franz Beckenbauer e Otto Rehhagel inflaram o ego dos campeões do mundo.

O "Kaiser" que comandou a Alemanha em duas conquistas – como capitão em 74 e como treinador em 90 – reafirmou admiração pelo futebol brasileiro. Já Rehhagel, responsável pela ascensão grega no plano internacional e mentor da campanha da Euro-2004, jogou a toalha, ainda ontem, ao reconhecer que enfrentou um rival descomunal. "Os brasileiros, inspirados, são imbatíveis" repetiu, à exaustão.

Os rapapés massagearam o ego de Parreira e fizeram com que voltasse a um tema recorrente nos últimos meses. Na antevéspera de completar 100 jogos à frente da seleção, avisou a quem quisesse ouvir que o Brasil "precisa assumir sempre sua condição de favorito" e que tem de aprender a conviver com essa responsabilidade. "Não adianta nos comportarmos com hipocrisia. Somos favoritos e o melhor é lidar com esse status." Já há algum tempo, Parreira se utiliza desse recurso como forma de transmitir para seus jogadores confiança e ao mesmo tempo consciência de que são respeitados, mas cobrados. "Só não pode acontecer conosco o mesmo que houve com França e Argentina em 2002, por exemplo", recordou. "Elas foram à Ásia como favoritas e decepcionaram." O caminho do sucesso em 2006 passa pela Copa das Confederações.

Parreira firma o pé de que o torneio alemão é a grande chance de consolidar o time, o esquema tático e de chegar bem perto do grupo ideal para a tentativa do sexto título mundial. Por isso, insiste que foi acertada a escolha de jogar com a equipe principal – com baixas já conhecidas de Cafu, Roberto Carlos e Ronaldo. "Temos a base e ainda alguns jovens que estão tendo oportunidade de integrar-se ao ambiente da seleção." Essa linha de raciocínio leva Parreira a considerar decisivo o jogo com o México. Em sua avaliação, os campeões da Concacaf, rivais tradicionais, darão mais trabalho do que os gregos.

Questão de estilo e de técnica. "O México tem um futebol de toque de bola, de maior penetração", comparou. "Por isso, também, é mais perigoso." A vitória significa a garantia do primeiro lugar, mas a incógnita em torno do adversário na semifinal permanece. "Nem posso fazer exercício de adivinhação", diz o treinador. "O importante é classificar o Brasil. Devemos, veremos quem vem pela frente e estruturaremos nossa estratégia de jogo."

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