O presidente venezuelano, Hugo Chávez, roubou a cena nesta sexta-feira (15) na abertura da reunião de cúpula dos países não-alinhados. Na ausência de Fidel Castro, que se recupera de uma cirurgia no intestino, Chávez "pediu emprestado" o seu tempo e atacou duramente os Estados Unidos, estabelecendo a nova agenda do movimento. O discurso incendiário, feito em nome da América Latina, durou cinco vezes mais que os dos outros dirigentes, e contrastou com o tom sóbrio até mesmo do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, e de Raúl Castro, o presidente interino de Cuba.

continua após a publicidade

"Vocês sabem, tenho um grande defeito, sempre me excedo no tempo", desculpou-se Chávez, o quarto a falar na cerimônia de abertura. "Se Fidel estivesse aqui, ainda estaria falando. Então peço a transferência de seu tempo", continuou ele, arrancando risos dos representantes de 118 países-membros do movimento. "Tudo o que Raúl disse, eu tinha escrito aqui. Não vou repetir", explicou Chávez, abandonando o texto escrito e falando de improviso por 27 minutos, quando o tempo reservado para cada o representante de cada região era de 5 minutos.

Chávez fez referência ao Brasil, representado pelo chanceler Celso Amorim, quando citou o ex-presidente João Goulart. Com seus ataques a Washington, Chávez procurou estabelecer a nova orientação do movimento – criado há cinco décadas, no início da guerra fria, como alternativa à supremacia dos Estados Unidos e da União Soviética -, convertendo-o em um movimento contra o "imperialismo norte-americano".

Na abertura dos trabalhos no nível de diplomatas, na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, anunciou que os temas no topo da agenda seriam: a "agressão ao Líbano", o "continuado genocídio do povo palestino" e o "direito inalienável do Irã ao desenvolvimento da tecnologia nuclear". A cúpula está sendo realizada sob forte esquema de segurança.

continua após a publicidade