A certificadora holandesa Skal International enviou ontem uma carta à madeireira Maracaí Florestal e Industrial Ltda., localizada em Sinop, no Mato Grosso, solicitando que suspenda a colocação do selo FSC na madeira serrada ou laminada produzida pela empresa. A certificação será suspensa até que a Maracaí cumpra todos os Princípios e Critérios (P&C) do FSC ? Conselho de Manejo Florestal.
O certificado FSC foi concedido à Maracaí em dezembro de 2001. Nos meses que se seguiram, várias organizações contestaram a decisão da Skal, apontando irregularidades e pendências técnicas no processo de certificação. Contudo, a certificadora se recusou a admitir os erros cometidos e manteve o certificado da empresa.
Isto levou o Greenpeace a elaborar um relatório completo sobre os problemas desta certificação e a abrir um processo de contestação em agosto de 2002, conforme estabelecem as ?regras para resolução de disputas? do FSC.
A contestação chamou a atenção do FSC, que realizou seu monitoramento anual no processo de certificação da Maracaí realizado pela Skal. Durante a avaliação de campo e coleta de informações os técnicos puderam observar as falhas já relatadas no relatório do Greenpeace.
Em 6 de novembro, a certificadora Skal enviou resposta de seu comitê independente ao Greenpeace reconhecendo algumas falhas na certificação da Maracaí. Na carta, a Skal afirma que a empresa deveria cumprir duas pré-condições no prazo de 3 meses e que uma nova certificação seria realizada no primeiro trimestre de 2003. No entanto, a certificadora e seu comitê se recusavam a suspender o certificado da Maracaí.
O Greenpeace recusou a resposta da certificadora e, em 14 de novembro, enviou carta ao FSC anunciando a intenção de abrir um processo formal de contestação, diretamente no FSC. Para a organização, as falhas da Skal ultrapassariam as duas pré-condições citadas, já que a própria Skal admitia que seria necessário realizar uma re-certificação, incluindo uma nova avaliação de campo. A Maracaí não deveria estar vendendo madeira com o selo FSC se a certificação realizada coloca em dúvida o cumprimento de todos os P&C.
?O Greenpeace considera a certificação florestal FSC uma ferramenta eficaz para reverter o atual quadro de destruição das florestas, aliando conservação dos remanescentes florestais com atividades econômicas ambientalmente sustentáveis e socialmente justas?, disse Marcelo Marquesini, engenheiro florestal do Greenpeace.
?Lamentamos que a empresa Maracaí, em seu esforço de melhorar o manejo florestal que pratica no Mato Grosso, tenha sido prejudicada por uma certificação mal feita pela Skal. A certificação FSC é séria e as empresas madeireiras têm de se cercar de todos os cuidados para evitar prejuízos por falhas no processo?, conclui.