Mil duzentos e dezenove produtores, operando numa área de 40,4 mil hectares, estão produzindo 1,14 milhão de toneladas de 15 espécies de frutas, seguindo as normas do Sistema Agropecuário de Produção Integrada Sapi, do Ministério da Agricultura. Esses inovadores agricultores são responsáveis pela implantação de um sistema produtivo de elevado padrão de qualidade e competitividade, com a expansão da produção, emprego e renda, garantindo a oferta de um produto mais sadio. Adotando a prática integrada de produção, eles ofertam um produto seguro e são responsáveis pelo crescente aumento nas exportações de frutas, que devem atingir, nos próximos quatro anos, a US$ 1 bilhão.
Atendendo às demandas do mercado internacional, que sinaliza para a valorização do aspecto qualitativo e do respeito ao meio ambiente de qualquer produto, o Sapi vem se transformando no grande fiador dos produtores brasileiros na oferta de um alimento seguro, produzido sobre normas ambientais, econômicas e sociais. A Comunidade Européia é a principal importadora das frutas frescas brasileiras, em torno de 85% do total exportado. E o sistema brasileiro já está despertando o interesse do mercado externo, segundo revela o coordenador de Produção Integrada da Cadeia Agrícola do Mapa, Adilson Kososki. Para ele, a inserção desse sistema em toda a cadeia agrícola é inevitável. ?Não tem retorno mais, porque os hábitos alimentares em todo o mundo mudaram. As exigências por qualidade e por sustentabilidade dos produtos são uma tônica, e uma exigência de mercado hoje?, avalia.
PIF
Instituído há quatro anos, o Programa de Produção Integrada de Frutas – PIF- consiste num sistema de produção orientada e de livre adesão por parte dos produtores e empacotadores. Em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – o programa conta com o envolvimento de 20 universidades, 7 instituições de pesquisa e assistência técnica e 9 centros de pesquisa da Embrapa, em 16 estados, num total de 500 instituições públicas e privadas envolvidas com o PIF. envolvendo 17 espécies de frutas – maçã, uva, manga, mamão, citros, caju, coco, banana, melão, pêssego/nectarina, goiaba, caqui, maracujá, figo, abacaxi, mangaba e morango.
Os princípios básicos do PIF estão amparados basicamente na elaboração e desenvolvimento de normas e orientações de comum acordo entre os agentes da pesquisa, ensino e desenvolvimento; extensão rural e assistência técnica; associações de produtores; cadeia produtiva específica; empresários rurais, produtores, técnicos e outros, por meio multidisciplinar. Pelo sistema, garante-se que a fruta foi produzida seguindo o roteiro de um sistema adequado. O resultado é um produto garantido em toda sua cadeia, da fazenda à mesa do consumidor.
O modelo, que garante a inovação e a competitividade à fruticultura brasileira atende às exigências dos mercados importadores, principalmente da Comunidade Européia, rigorosa em requisitos de qualidade e sustentabilidade, com ênfase na proteção ao meio ambiente, segurança alimentar, condições de trabalho, saúde humana e viabilidade econômica.
O sistema integrado de produção gera uma relação de confiança no consumidor, que tem a garantia que o produto que está adquirindo foi produzido segundo rígidas normas técnicas definidas pelo Ministério da Agricultura, que garantem a utilização de práticas modernas da produção, armazenagem, embalagem e comercialização.
A implantação do PIF tem apresentado um rosário de destaques: aumento do emprego e renda no setor; queda de 40% no uso de fertilizantes e 25% de inseticidas na produção de maçã, com amplo reflexo no custo de produção. Todos os resultados apontam para uma queda vertiginosa no uso de resíduos químicos, com a conseqüente melhoria na qualidade do produto ofertado no mercado e na saúde do trabalhador rural. Uma realidade muito próxima, sobretudo dos pequenos produtores, maioria no sistema da Produção Integrada de Frutas (PIF), segundo o coordenador Adilson Kososki. ?Esse não é um sistema seletivo, de exclusão. A maioria dos que aderiram à PIF é de pequenos produtores, que já estão exportando frutas para a Europa. Temos ótimos exemplos no Vale do São Francisco. Não deixamos apenas os grandes produtores adotarem esse sistema?, destaca.
A comercialização da maçã com selo PIF foi iniciada há três anos, quanto para o mercado interno como para exportação. O sistema é plenamente monitorado, desde o plantio até a comercialização e oferece um prêmio de dois dólares por caixa de 18 quilos exportada. Em 2004, as exportações de maçã cresceram 100%.
Os selos de conformidade, contendo códigos numéricos, além de atestarem o produto originário de PIF às embalagens, possibilitam a toda a cadeia consumidora obter informações sobre a procedência do produto e os procedimentos técnicos operacionais adotados, dando total transparência ao sistema e confiabilidade ao consumidor.
Conferência internacional
As diretrizes adotadas na Produção Integrada de Frutas já inspiram projetos semelhantes envolvendo produtos de outros setores da cadeia produtiva como horticultura, grãos e oleaginosas, flores e plantas ornamentais. O festejado modelo da PIF e os primeiros resultados desde a implantação do sistema em 2002 no País vão ser apresentados durante a II Conferência Internacional sobre Rastreabilidade de Produtos Agropecuários, que acontece em Brasília de 10 a 12 de abril. Durante o evento, especialistas de vários países planejam trocar experiências sobre a segurança dos alimentos.
