Seleção não pensa em dar show

Por que os craques brasileiros brilham na Europa mas não conseguem encantar
jogando pela seleção? Roberto Carlos responde. "É simples. Nos nossos clubes
trabalhamos 11 meses juntos em torno de um objetivo. Na seleção nos juntamos em
cinco dias e temos que fazer a mesma coisa. Ou seja: é impossível", explicou o
lateral do Real Madrid.

A questão voltou à tona após a magra vitória por
1 a 0 sobre o Peru, domingo, em Goiânia. Nesta segunda-feira, já no Uruguai,
adversário de quarta-feira no estádio Centenário, os jogadores continuaram a dar
explicações sobre a fraca atuação diante dos peruanos.

Roberto Carlos, o
segundo jogador mais experiente do atual elenco (só perde em jogos disputados
para Cafu, 137 a 117) foi quem mais falou sobre o assunto. De acordo com o
lateral-esquerdo, a torcida não pode se iludir, imaginando que a seleção vá dar
espetáculo em jogos pelas Eliminatórias. "Nós só conseguimos jogar bem quando
temos uns quarenta dias de treino, como é na Copa do Mundo",
revelou.

Para Roberto Carlos, a seleção pode até pensar em começar a dar
"show" depois que garantir a vaga na Copa de 2006, na Alemanha. "Mas até lá,
nosso objetivo vai continuar sendo exclusivamente a classificação",
avisou.

"Enquanto estivermos na luta pela vaga nas Eliminatórias, os
jogos serão assim, complicados como foram contra o Peru. Até porque todas as
seleções que enfrentam o Brasil jogam fechadas, principalmente em nossa casa",
disse Roberto Carlos.

Além da falta de entrosamento e da retranca do
adversário, Roberto Carlos culpou o calor e o gramado do Serra Dourada como
razões para o mau futebol da seleção no domingo. "É difícil sair da Europa e
jogar aqui com um sol de mais de 30 graus na cabeça. Além disso, a grama estava
muito alta e fazia tempo que eu não jogava num campo tão grande como
aquele."

Já o técnico Carlos Alberto Parreira chegou a se irritar com a
insistência dos jornalistas em querer saber o motivo de o Brasil não conseguir
apresentar um futebol que encante a torcida. "Nosso objetivo é um só: a
classificação. Não temos outro objetivo. Só esse. E isso estamos fazendo de
forma satisfatória", disse.

Para mostrar que o brasileiro deveria estar
exaltando a atual campanha da seleção, e não procurando defeitos no time,
Parreira traçou um paralelo com a trajetória da equipe nas Eliminatórias para a
Copa da Coréia/Japão, em 2002.

"Na última Eliminatória, a essa hora,
estávamos na quarta colocação e com vários adversários logo atrás. Agora estamos
em segunda e bem perto da classificação", lembrou Parreira. "Temos uma gordura
de sete pontos para queimar", emendou o treinador, referindo-se à distância do
Brasil para o quarto colocado das Eliminatórias, o Paraguai, que também estaria
garantindo classificação para a Alemanha se o torneio qualificatório terminasse
hoje.

O treinador admitiu, porém, que a seleção não fez uma boa partida
contra o Peru, principalmente na etapa inicial. "O Brasil tem que jogar com
alegria e faltou essa alegria no primeiro tempo", reconheceu.

Para
Parreira, a seleção deve jogar melhor contra o Uruguai, que é o quinto colocado
nas Eliminatórias. "Eles vão vir pra cima, precisam muito da vitória para
continuarem com chances de classificação", justificou.

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