Internado há 70 dias, o técnico em informática Cleverson Assis, de 41 anos, pede Justiça. Ele sofreu um ataque homofóbico na noite de 14 de maio no bairro Juvevê, em Curitiba, quando teve grande parte do seu corpo queimado. Porém, até agora nenhum suspeito foi preso.
Em entrevista à Tribuna do Paraná, a vítima contou como tem sido sua luta desde o dia em que foi agredido e afirma que o criminoso acabou com sua vida. “Nesses dois meses eu fiz 16 cirurgias de enxerto de pele devido às queimaduras de 3º grau, perdi completamente a visão esquerda, continuo internado no Hospital Evangélico, e a pessoa responsável por isso ainda não foi presa. Quero que algo seja feito porque ele pode fazer mal a outros, assim como fez pra mim”, solicita Cleverson.
Segundo ele, os médicos ainda não lhe deram previsão de alta e as cirurgias vão continuar. “Além dos últimos enxertos que terei que fazer no peito e nos braços, também terei que retirar o olho lesionado. Os oftalmologistas tentaram até colocar uma lente para que os dois olhos ficassem com aparência igual, mas não teve jeito e terei que passar por isso também”, lamentou.
Crime de ódio
O ataque aconteceu na Rua Alberto Bolliger, quando o homem saiu para comprar um lanche e, na volta para casa, foi abordado por um rapaz. “Eu nunca tinha visto aquela pessoa. Então, achei que fosse um assalto, mas ele apenas chegou me xingando e jogando o ácido fortíssimo em mim. Eu estava passeando perto de casa e jamais imaginei que isso pudesse acontecer”, recordou.
As roupas de Cleverson derreteram e ele foi socorrido por um casal, que chamou a polícia e também acionou o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate). Os socorristas o encaminharam ao Hospital Evangélico, onde continua internado até hoje. “Estou longe da minha família, sou autônomo e não posso mais trabalhar”.
Investigação
O caso foi encaminhado ao Setor de Vulneráveis da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e está sob investigação. Um retrato falado foi produzido e imagens das câmeras de segurança do local foram divulgadas para auxiliar na identificação do autor. “Já temos alguns suspeitos e, por isso, fizemos alguns pedidos judiciais. No entanto, enquanto o autor não for encontrado, o inquérito continua em tramitação”, informa o delegado Fábio Amaro.