Todos presos!

Suspeitos da morte de Uber culpam adolescente pelo crime, mas polícia tem outra versão

De acordo com a polícia, Maicon (à direita) foi o responsável pelas pancadas e, Marcelo (à esquerda), pela facada. Foto: Gerson Klaina

Com a prisão de todos os suspeitos, a morte do motorista do Uber foi considerada elucidada pela Polícia Civil. Maicon Martins Carvalho, que teria planejado o crime, segundo a polícia, foi o último a ser encontrado, junto com um adolescente de 17 anos, no litoral do Paraná. Os policiais informaram, nesta segunda-feira (2), que o assalto que a quadrilha praticou não foi um caso isolado.

Segundo a polícia, além do caso deste rapaz, o grupo também pode estar envolvido em pelo menos outra morte de um motorista do Uber e um assalto que são investigados pela Polícia Civil. “Suspeitamos que estes outros dois crimes também tenham sido praticados pela mesma quadrilha, mas isso agora vai ser alvo de investigação”, explicou o delegado Luiz Artigas.

Na sexta-feira (29), a polícia apresentou Everton Marcelo Fonseca Patek, Rose Aparecida Martins e Franciele Ferreira Bonfin. Eles foram presos um dia após o crime contra o motorista. Ao saber da prisão do trio e que era procurado, Marcelo Henrique de Oliveira Prestes, também suspeito da morte, se apresentou e foi preso.

Maicon e o adolescente só foram encontrados a partir de denúncias da população. “Ele (o Maicon) soube que o caso tinha sido descoberto, que já tinham envolvidos presos e resolveu fugir para Guaratuba. Nossos investigadores descobriram e os encontramos lá”, disse o delegado Cristiano Quintas.

De acordo com a polícia, Maicon e Marcelo teriam participado efetivamente da morte do motorista. “Junto com eles, estava o adolescente, que também teria algum tipo de envolvimento na morte em si, além de toda a ação, mas Maicon foi o responsável pelas pancadas e Marcelo pela facada”, detalhou Luiz Artigas.

O que motivou?

A polícia não acredita que o crime tenha sido por outro motivo que não o assalto. Apesar disso, um dos presos alegou que eles conheciam o motorista do Uber. “Ele ‘pegou’ a namorada do adolescente. Sabíamos que ele estava na região, chamamos o carro e ele veio. O adolescente deu voz de assalto e fez o que aconteceu”, disse Marcelo.

Conforme Maicon, embora tenham realmente participado da chamada ao motorista do aplicativo, quem teria dado a facada foi o adolescente. “Ele fez tudo sozinho. Só participei no sentido de que usei o celular da minha mãe pra chamar o Uber, porque o adolescente pediu que eu chamasse. Ele disse que queria que fosse o motorista, porque queria falar com ele, mas eu não sabia que ele ia fazer isso que fez”, completou.

Maicon disse também que, antes que o aplicativo chegasse até o carro do motorista, os pedidos de corrida foram cancelados várias vezes. “Cancelei umas três ou quatro corridas. Estava com o celular da minha mãe porque só ela tinha o aplicativo, mas ela não sabia que eu tinha pegado”, que contou ainda que, por ter chamado o Uber, ganhou do adolescente o celular do motorista. “Que eu dei de presente para a minha mulher”, finalizou.

Não procede

O delegado Cristiano Quintas explicou que realmente o relatório fornecido pela Uber apontou que o mesmo celular fez o pedido de várias corridas, mas que o que eles alegam não é verdade. “Foram, ao todo, 16 pedidos de corridas no mês de setembro. Mesmo com as contradições ao serem interrogados, eles trazem essa explicação de crime passional, porque foram orientados e acham que isso de alguma forma pode aliviar para eles, mas de qualquer jeito (sendo ou não), o assalto e a morte aconteceram e eles vão responder por isso”.

Ainda conforme o delegado, embora estejam jogando a culpa somente no adolescente, cada um teve uma participação efetiva no crime como um todo. “Sem contar o que a polícia está investigando agora, da suspeita de envolvimento de todos nas outras situações, uma que também acabou em morte e outra que a vítima sobreviveu”, explicou Quintas.

Do motorista do Uber, o grupo pegou um valor em dinheiro que ele mantinha para o troco nas corridas. “Apuramos que cada um recebeu em torno de R$ 40. Isso sem contar o carro, que temos a informação de que foi vendido por R$ 1.300, embora uma parte do grupo diga que ele foi abandonado”, finalizou o delegado Luiz Artigas.

Investigações seguem

Sobre os outros dois casos que continuam sob suspeita da polícia, ambos ainda estão sendo investigados. O segundo deles, o da morte de José Alceu Rodrigues, 40 anos, – que aconteceu em agosto deste ano – pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que já trabalha numa linha firme de apuração para descobrir se há ligação ou não dos suspeitos neste crime. O outro caso, em que um motorista do Uber foi somente assaltado e sobreviveu, as investigações seguem pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV).

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