Intolerância!

Skinhead espancado em Curitiba já foi preso por agredir banda punk

Continua internado o jovem Aquiles Gabriel Batista Ribeiro, 19 anos, que foi espancado no sábado (4). A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) já confirmou que o motivo da confusão foi um atrito entre gangues rivais: skinheads (da qual Aquiles faz parte) e punks. Os suspeitos ainda não foram localizados, mas filmagens podem ajudar nas investigações.

Jovem é esfaqueado e tem as roupas incendiadas no São Francisco
Foto: Colaboração/Portal Na Tela do 190

O ataque aconteceu na Rua Paula Gomes, no São Francisco, e parte da ação foi registrada por câmeras de segurança. “Tudo se tratou de uma vingança do grupo rival”, considerou o delegado Fábio Amaro, que disse ainda que Aquiles confirmou ser skinhead, mas não quis colaborar com informações para as investigações.

“Ele agora já não corre risco, mas foi por pouco que não acabou morto. O crime, a gente já sabe, foi intolerância. Esperamos agora que ele, ao melhorar, venha à delegacia e colabore com as investigações”, explicou.

Para a polícia, além de intolerância, o que aconteceu foi desinteligência e poderia ter sido evitado. “Ele estaria acompanhado de outras pessoas, quando se deparou com um grupo de punks e entraram em luta corporal. A situação se acalmou, mas logo depois o grupo surpreendeu o rapaz e ele foi vítima de vários golpes e da facada. Tudo em razão de uma ideologia imbecil”.

Agressor ou vítima?

Como a história é confusa, a DHPP tenta ainda confirmar a história de que houve o primeiro atrito, que teria sido provocado pelo grupo que Aquiles faz parte. “Por enquanto, o que temos é que ele foi vítima. Tentamos até levantar informações de pessoas agredidas anteriormente, na mesma noite, mas nenhuma delas passou por hospitais de Curitiba”, explicou Fábio Amaro.

A falta das possíveis vítimas anteriores faz com que a polícia trabalhe apenas com uma versão da história. “Porém, se as vítimas, que podem ainda ter sido os responsáveis pela agressão do rapaz, comparecerem e estiverem lesionadas e em condições de informar para a gente que Aquiles provocou, ele também pode se complicar”, considerou o delegado.

Além da esperança de que Aquiles e até mesmo outros envolvidos na confusão colaborem com as investigações, a DHPP conta ainda com a ajuda da população. As denúncias podem ser feitas pelo 0800-643-1121.

O delegado disse ainda que estes confrontos entre grupos rivais, de pensamentos diferentes, são comuns assim como os atritos entre torcidas organizadas. “Posturas radicais que nos deixam indignados e precisamos dar um basta nisso. Agora, com uma investigação responsável, pretendemos apontar os autores do crime e se possível colocá-los atrás das grades”.

delegado vai continuar investigando o crime
“Por enquanto, Aquiles é considerado vítima, mas pode se complicar”, explicou delegado Fábio Amaro. Foto: Aniele Nascimento.

Passado negro

Declarado skinhead, Aquiles tem um passado complicado. Conforme as investigações, essa não foi a primeira confusão em que ele se envolve. “No ano passado, em Santa Catarina, o rapaz foi preso em flagrante depois que agrediu, junto de outras pessoas, uma banda de punks”. Na época, alguns dos integrantes da banda chegaram a ser hospitalizados.

“Acontece que embora detido, Aquiles já estava em liberdade. Ele foi solto por uma determinação judicial, depois que, provavelmente, o juiz verificou que havia condição de responder fora da prisão, mas acontece que ele estava em liberdade provisória”, explicou Fábio Amaro.

Como havia algumas restrições para que Aquiles continuasse livre, ele pode se complicar pela confusão que se envolveu. “São várias condições, entre elas, por exemplo, a de não estar na rua no período noturno. O crime aconteceu de madrugada, então, essa informação chegando ao estado vizinho, o juiz deve decretar alguma medida penal para o caso”.

Veja a entrevista completa com o delegado Fábio Amaro:

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