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A Polícia Civil cumpriu na manhã desta terça-feira (20) nove mandados judiciais contra suspeitos de fraudar tributos municipais em Curitiba. Entre os impostos fraudados estão IPTU, ITBI e ISS. A investigação levou cinco meses e a operação, que contou com 30 policiais, foi comandada pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), com o apoio do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), grupo de elite de investigação da Polícia Civil. Um dos endereços vistoriados pela Polícia Civil foi o prédio da prefeitura de Curitiba.

A operação, batizada Taxa Extra, é decorrente de denúncia encaminhada à Procuradoria Geral do Município. A suspeita é de que o grupo atua há pelo menos dez anos no desvio de tributos municipais. A investigação suspeita que a quadrilha tenha agido em mais de mil processos.

Foram cumpridos nove mandados judiciais, dois deles de prisão temporária e sete de busca e apreensão. Duas pessoas foram presas: João Cardoso, funcionário da prefeitura há mais de 30 anos, e Eloir Debastiani, que seria sócio de Cardoso.

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Um dos mandados foi na sede da prefeitura, no bairro Centro Cívico, nas mesas que os servidores trabalharam, no Setor de Finanças. Dois delegados e dois policiais vistoriaram as mesas, em busca de provas. Eles procuraram documentos e arquivos nos computadores.

Um mandado também foi cumprido em uma das Ruas da Cidadania do município – o equivalente à administração regional.

Operação prende servidores envolvidos em fraudes tributárias. Foto: Acervo Prefeitura Municipal de Curitiba.

Envolvidos

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A pedido da polícia, a Justiça também autorizou quebra de sigilo fiscal e bancário de cinco suspeitos – entre eles alguns servidores municipais.

Até o momento a polícia trabalha com a participação de seis pessoas, sendo cinco servidores e um despachante imobiliário. Não se sabe o montante envolvido porque os suspeitos agiam de várias formas, ora recebendo em dinheiro, ora recebendo por cheque nominal, depósitos e transferência.

O esquema acontecia de duas formas: ou o fiscal ia até a obra e oferecia reduzir o imposto devido em troca de propina ou quem chegava na prefeitura era orientado a pagar para reduzir o imposto. Neste caso, os funcionários inseriam dados falsos, como metragem, padrão e valor, pra diminuir o imposto devido. A investigação apontou que o setor virou um balcão de negócios.

Os contribuintes que foram beneficiados pelo esquema serão investigados, caso a caso. Há suspeita de que alguns não sabem que estavam cometendo irregularidades, já que às vezes acontecia dentro da prefeitura. Já aqueles que participaram conscientemente serão responsabilizados.

O perfil de quem se beneficiou foi variado, desde grandes empresas, imobiliárias até pessoas de baixa renda.

Início da apuração

A prefeitura informa que “solicitou à Polícia Civil investigação sobre possíveis fraudes em tributos do município (ISS, IPTU E ITBI), após receber denúncias e fazer verificação interna, na qual foram detectadas alterações no sistema responsável por esses dados, durante o ano de 2017”.

As denúncias chegaram à prefeitura pelo telefone 156 e pelo Facebook do prefeito Rafael Greca (PMN) no ano passado. As revelações foram feitas por curitibanos que não aceitaram pagar propina a fiscais.

Segundo a prefeitura, a Procuradoria Geral do Município vai abrir processo administrativo para tirar do quadro funcional os servidores envolvidos com a fraude.

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